Sinais, traços, os poros estão recolhendo-se. Refazendo o
caminho na superfície da pele. Entre os olhos fechados, ainda, esgueira-se a
alma Quixoteana. Essa expressão habitual de vida, essa ternura que me veste de
bravura todos os dias. Não posso me queixar, cíclicos sempre são todos os
movimentos, não importa a direção que eu tome, tudo que o fui e que permanece, levam-me
às curvas. O tempo aprofunda-se, o meu olhar, o meu sentir sempre serão
estrangeiros fora de mim. Retomo a estrada que me devolve, o que era distante é
possível ler com a ponta dos dedos. É muito tarde para os temores, é cedo
demais para recolher-me em dúvidas. Esse é o tempo, o tempo que surpreender-me
e regozijo. Não penso se foi de propósito, mas tudo está exatamente em consonância
com um antigo planejamento: entardecer na maresia.
17.11.15
24.10.15
...mente que...MENTE...
Mãos estendias vazias...
...as digitais se perderam...
Olhos serrados...
...imagens borradas...
Ouvidos ensurdecidos...
...os ecos foram raptados...
Lábios ressequidos...
...o sabor tornou-se fel...
...e com tentáculos invisíveis...o vazio...domina um corpo inerte...
Resta-me a mente...
...que me MENTE...
...e dos meus ombros faz saltar asas que contraditoriamente...
...não sabem voar...
...pés de barro...
...arrastam todo o peso pela imensidão...
...não há rumo...
...apenas prumo!
COMBUSTÃO EXPONTÂNEA
Fazemos de
conta que tudo vai bem. Pela garganta todos os dias engolindo a seco a
distância, frio e amargo cardápio, criado especialmente para nos alimentar e
nos proteger de nós mesmos.
Quem dirá do
amor que fomos e que ainda permanece? Nunca seremos nós, decerto, evadidos em
planetas protegidos em anéis. Guardamos na garganta o ultimo choro, um [a]mar
que quiçá, um dia sirva para apagar [apenas e unicamente] minha vida que segue
em combustão espontânea.
20.8.15
3.8.15
31.7.15
Se, [Talvez]
Se –
Sem fôlego, um corpo faminto submergindo de principiantes ambições, opacas como se fossem veteranas, anulando toda a ingenuidade dos sentidos.
Serve-“Se” à mesa posta com iguarias de papel, sublinhando trejeitos serpentinos de imaginação, brinde aos olhos de fogo que tudo consome ou refuta com fastio.
Enquanto os pés afundam lentamente procurando o fim, asas que construí com papel de seda em meu ser, se abrem na chuva.
Meus olhos agora me avistam longe como se a soberana que há em mim,
Talvez –
[esteja inatingível]VCruz 09.03.2014
Talvez
Traços de um lépido amador, despretensiosas pegadas que talvez, nem deixem marcadas pelos caminhos. Um dia talvez esses versos sejam letra morta, esparramados pelo chão como folhas de um outono adormecido - ou apenas mais uma porta. Quem sabe se de saída ou de entrada, daquela cabana abandonada na beira da estrada. Lugar sem endereço, estalagem de moradores retirantes, quem sabe o primeiro passo na estrada. O marco de um início ao retorno. Planos bem traçados abraçados no cruzamento da esperança, ou aquilo que não vale nada ser lembrado.
Um vislumbre de volta de quem nunca foi. Registros de um Lápis sem ponta, faz de conta que somos heróis, que somos bedéis, berberes de um deserto de inspiração e então, talvez esses versos sejam esquecidos, ou nunca saiam de moda.
Tremula entre os dedos a incerteza, o medo a insegurança, alimentos de uma coragem cega e voraz. Mó de um moinho de vento, talvez sejam como a roda, que ninguém sabe quem inventou. Talvez seja apenas uma teoria “quixoteana”.
Talvez sejam como eu sou.Caminhando pra onde eu não sei se vou.
Gosto de alguns autores do Luso, claro, que sem desmerecer ninguem, muitas vezes me falta tempo para ler a todos e com mais frequencia.
Bem, recebi uma mensagem do Poeta Toth, que tentou postar um comentário no texto PRESENTE e não conseguiu; e um poema, que tomei a liberdade de diluí-lo em um texto [Nosso].
Toth, agradeço-lhe imenso as palavras de incentivo e o "presente", que deitarei a seguir para o deleite de todos.
(Abraços)
Lápis sem ponta
"Um dia talvez esses versos sejam letra morta
Ou apenas mais uma porta
Quem sabe se de saída ou de entrada
Quem sabe o primeiro passo na estrada
Ou aquilo que não vale nada
Lápis sem ponta, faz de conta
Talvez esses versos sejam esquecidos
Ou nunca saiam de moda
Talvez sejam como a roda
Que ninguém sabe quem inventou
Talvez sejam como eu sou
Caminhando pra onde eu não sei se vou"
Toth
Conheçam um pouco mais o autor:
15.7.15
ESCURIDÃO DE LUZ
A escuridão em trabalho de parto, fez chegar como um extravio enlaçado num cordão cheio de nós, já nasceu enforcando a segurança. Uma boca sem dentes escancara toda a fome, carência das entranhas, alimento de emoções, sentimentos de liberdade, de vida...
Ganhou seu corpo no papel, o escrito e o representado. Outrora, a criança que brinca com sucatas, cresce vestindo o corpo com vaidades, seduções e um chapéu para sombrear a insegurança. Sai da caverna de sombras e se deixa rolar nas mãos do vento sem destino. Um papel que não lhe cabe, mas que adota como seu. Grudando nas janelas, esculpindo calçadas, explorando bares, ocupando camas e desnudando faces femininas; sem saber, é a sua própria luz que lhe norteia...
Desvencilhando-se de toda a culpa, no corpo, agora coberto de cinzas, tatuagens que a vida fez, revelando que nem sempre a sua preferência é tão apurada, trazendo à luz, o efeito da escuridão que sempre acreditou ser sua causa...
6.7.15
30.6.15
27.6.15
TRAÇADA
Sou a presença em todos os
cantos. Brisa morna que te envolve o corpo, bagunça seus cabelos no mesmo
instante em que te refresca ou te faz tremer de frio.
Posso
desenhar na relva, fazer o trigal se dobrar; é fácil arrancar uma árvore pela
raiz, com o mesmo prazer que rodar um carrossel, girar um catavento... destruir
os seus e os meus moinhos de vento.
Assovio,
mas não se engane comigo, posso destruir seu lar, arrancar seu telhado...
mas, se
quiser, também posso te carregar no colo e te por a voar!
5.6.15
23.5.15
All in all it was all just bricks in the wall*
Para a vida - Do pó viemos ao pó retornaremos.
Um percurso desigual, cheio de encruzilhadas e encontros.
Creio que quando cruzamos este caminho, foi o momento certo de ser e estar...
E então seguimos, todos juntos, individualmente...hora luz, hora escuridão...
Mas...
Para os poetas - do caos viemos e para a inspiração retornaremos!
Hoje meu caro amigo, você encontrou a fatal colisão!
Hoje és luz que brilha em nossos pensamentos...
e escuridão no nosso pesar...
Tenho certeza, que a sua trajetória é para todos nós, uma inspiração!
Um percurso desigual, cheio de encruzilhadas e encontros.
Creio que quando cruzamos este caminho, foi o momento certo de ser e estar...
E então seguimos, todos juntos, individualmente...hora luz, hora escuridão...
Mas...
Para os poetas - do caos viemos e para a inspiração retornaremos!
Hoje meu caro amigo, você encontrou a fatal colisão!
Hoje és luz que brilha em nossos pensamentos...
e escuridão no nosso pesar...
Tenho certeza, que a sua trajetória é para todos nós, uma inspiração!
*Aqui somos apenas, mais um tijolo na parede...
Minha homenagem a um Poeta Amigo que foi concedido o direito de ser estrela no céu dos poetas.
Brilha em paz Du (Veio China - Viajante Insólito)!
Minha homenagem a um Poeta Amigo que foi concedido o direito de ser estrela no céu dos poetas.
Brilha em paz Du (Veio China - Viajante Insólito)!
10.5.15
Apertando o cinto
Bebi a noite longa em goles gulosos. Na garganta despenhadeiro escarpado, esfolavam-se com teimosia as lembranças. Rasguem-se todas em confete, hoje é festa de despedida e nada disso fará mais parte amanha. A gravidade te faz chegar no mais bem fundo de si. Inferno e paraíso de anjos e demônios, fazendo sorrir e chorar; uma convulsão ébria, até te fazer crer que nunca mais verá a luz da realidade do amanha. Vamos brindar ao agora. O que é real não mais importa quando da cabeça aos pés tudo é festa. Você fica generoso, espaço até sua alma sair à francesa para não ser cúmplice. Luzes piscam na pista, apertem os cintos o avião vai decolar, soa o aviso.
Pausa, pausa, pausa – com o gato no colo miando desconfiado, bebo um inocente chazinho com bolacha água e sal.
Algumas idas tem volta, outras não...
27.4.15
Pálpebras salgadas
Um cenário mutante emprestado. Um cais, um porto seguro. Tão generoso e ao mesmo tempo tão cruel.
O sol mergulha mais uma vez como eu, manchada por café e insônia. Por dentro do casaco abotoado até o topo, veias congestionadas executam um choro, uma enxurrada que desmonta a vida. Desmatamento das lembranças. Árvores de sonhos destoando na decoração cafona...
Uma maré boa intercala brisas frias e ventos renovadores. Um ritual de raios, trovões e chuva, por certo não poderia faltar - muita chuva batendo na face pedindo licença para lavar a alma; navego feito barquinho de papel dentro da taça de vinho. Lentamente derretendo memórias, inocência em oferenda às páginas arrancadas dos velhos diários...
Paradoxalmente a cada vez ensaio viver, meus pertences me abandonam...
Quiçá nos sobre apenas...
entorpecidas pálpebras salgadas...
25.2.15
Babel
Navego sentimentos líquidos. Solta na imensidão dos meus mares insólitos, velas içadas com dias remendados por linhas de noite. Lufa o vento, bússola que me norteia. Os mares profundos, mistérios guardados sem culpa no céu da minha boca, espraiam em arrebentação nas bordas dos olhos, segredos e mistérios. Sal e sumo que alimentam um coração compulsivo, corsário e aventureiro que leva e traz pelas veias, pilhagens de uma vida inteira.
17.2.15
Ao meio enfim
Vasto é tempo que sibila horas derreadas pelas avenidas que calçam meus pés. O tracejado que divide ao meio o vai e vem idílico dos sentimentos, uma silhueta essencial a toda a paisagem que desenho. Não um derrame desperdiçado de cores, mas um nascedouro constante. Meu destino é a noite, um templo sem paredes e cheio de rituais. Uma trajetória de começos, uma fonte de inspiração em letras cursivas que se casam em segredo.
Se fosse hoje terminar o dia, para nunca mais começar, só levaria a emoção; porque eu sempre exijo mais, muito mais do pôr do sol!
[Sob o pseudônimo Lápis sem ponta]
[Sob o pseudônimo Lápis sem ponta]
10.2.15
Traços
Que sou eu senão linhas e traços de recordações?
Versos de sentimentos encadernados, vales de dobraduras e jardins de laços e retalhos. Esta sou eu escrita a mão, um rascunho que virou romance. Ainda procuro saber quem é o autor deste livro que me protege, como uma flor guardada entre as páginas, mas que, nunca me visita quando estou acordada. Não temo a vida e nunca fique esperando a sorte, mas todos os dias me abro, na esperança que alguém me leia ou quem sabe, me liberte num feliz voo de papel...
[Sob o pseudônimo Lápis sem ponta]
[Sob o pseudônimo Lápis sem ponta]
8.2.15
TEMPESTADE É MEU NOVO NOME
Entra uma mulher arredia, uma flor despetalada; corredeiras de incertezas
e desconfianças rio afluente de lágrimas inunda o Congá. Tudo girando ao redor.
O som dos atabaques, uma profusão de calor humano e energias que não lhe
desconcentram. Segue à deriva surfando nas ondas do marujo que lhe ampara, lhe
aconselha.
Os olhos da inocência são fechados e o corpo sacode como se um ciclone
a tivesse rasgado pelo umbigo com seu coração! Nada mais importa, o vento que
lhe acompanhou uma vida inteira é soprado dos seus lábios e das pontas dos
dedos raios apartam-na deste mundo irreal que ela tanto imaginou ser sua única
realidade. Uma realidade “una” surge das entranhas, os tambores parecem ter
potencializado o som que se mistura com o grito arrancado da sua garganta
inteiro, agudo e penetrante. Tudo agora é brilhante diante de seus olhos
flamejantes e o ambiente é seu domínio, quem se atreve deter um Orixá?
Sai uma mulher na chuva em passos confiantes, calcando as nuvens que
ainda choram lá fora. Um raio corta o céu às suas costas, seu corpo tremula,
mas não de medo. Nada mais a deterá, sorri e murmura baixinho:
Eparrêi Iansã!
3.2.15
Carpideira
O tempo ainda se perde no labirinto de reprises. A escuridão confabula com a madrugada. Sussurram pelas frestas do meu pensamento solitário que voa com os pés no chão. Os olhos não refletem, os lábios não divulgam.
Quem se atrever a pensar que na fantasia não tem realidade, nunca viveu a vida de verdade; mas toda fábula sempre encontra o desfecho, desmistificando as maldições. O destino um abraço ateu, se aparta de mim sem emoção, uma fase crua sem nenhuma mitologia.
O espaço é uma herança - tempo real do vazio preenchido de distâncias - noites despertas em olhos baços.
A razão, sem nenhuma razão, me mantém acordada, adormeceu apenas meu coração. Mantendo-me alerta, uma carpideira num sepulcro de veias.
Um dia o sono vence, parto para Meteora e te levo comigo – lá poderemos ser pedra em paz...
[Sob o pseudônimo Lápis em ponta]
31.1.15
Conto de Fadas
Os vãos da cidade manipulam gemidos. Imitam bocas com sorrisos tortos; estranhas, coladas umas as outras, parecem escarnecer de toda ingenuidade. Tropeço em contos de fadas que não coincidem com os meus e a cada vez que me detenho contemplando o céu, brotam narcisos ao meu redor. E como lagunas entorpecidas me cortando ao meio como um espelho, minha imagem num oásis fazendo parte desta legião, sorrindo, escarnecendo, no ritmo da dança da chuva à espera do milagre:
Girinos na lama seca dormitando até o juízo final...[sob o pseudônimo Lápis sem Ponta]
18.1.15
SENTIMENTOS MEUS
...meu coração ancião
tem uma vida amena...
guardado no peito
alimentando-se de café e solidão
batuca suave nos dias mornos
ensaia um pagode nos encontros de afeto...
...mas ainda
na dobra da esquina
se reconhece
se embriaga
cheiro antigo
de maresia e flor
salta em festa nos degraus da garganta
quanto esforço para exilá-lo de novo!
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...Sobre Imagens...
Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.