27.9.13

...Salamandra...

Perto do fogo...
Estou dentro do olho dos furacões...
Derretendo em lavas de mil vulcões...
Porque a vida só é dura pra quem tem medo...
Medo de se arriscar...
Medo de se queimar...
Medo de cair um céu de raios...
Medo do ralhar dos trovões...
É perto do fogo que eu me quero...
E que te quero...

Também!

21.9.13

...Remendos...


Sobre a chuva
Coleciono o orvalho nos meus olhos. Lava o pátio e o porão, como se depois, tudo pudesse ser de novo e é bem certo que seja uma temporada passageira; e algumas vezes até mesmo inconveniente, chove torrencialmente e eu espiando através da janela contendo a alma com vontade de se encharcar!

Sobre o frio e os dias de sol
Não me deixa alvorecer, cheiro cortante de inverno invadindo as narinas, uma visita ao meu inferno particular, frio e úmido. Raspo com as pálpebras as gotas que ficam presas nas paredes, no céu, nas nuvens, nas beiras, no bafejo das nuvens cinzas.
Confesso, não é o sol que quero na pele, senão, o calor do teu olhar.
Faço sempre outono no meu quintal, arremesso as folhas com teu nome rabiscadas ao vento, despetalo as flores buscando o teu bem querer.
Faço a primavera na minha pele sentindo a alma trêmula com desejo de ficar encharcada de nós.

Sobre o tempo 
Escavo com as unhas a espádua íngreme do tempo como sobrevivente de uma avalanche. Ergo as anáguas como se fosse o verão rendendo suas últimas flores ao outono.
Inverno, depois de usar a lâmina de descascar esquecimentos em todas as fantasias.
Ah esta mania de remendar odes como se fosse chegar ao final de todos os tempos, travando esta muda comunicação entre o coração e a razão, artifícios em vão.

Sobre todas as coisas
Aqueço nuvens quantas vezes os meus olhos desejarem se banhar. Chovo desafiando a noite, o tempo, as coisas que foram, as que virão...
Só porque aprendi que regar o nosso amor ao luar é nunca estar sozinha.
Santa e inquisitória saudade!
És tu a lama que me reveste, depositário que minh’alma elegeu habitar...

Te amarei até o fim dos meus dias e isso, de verdade, não é uma promessa!

19.9.13

...Só mais uma taça de solidão...

Perdi a coragem junto com a vergonha, ambas estão soltas por aí quebrando esquinas, fazendo versos, embriagadas de tristezas.
No principio eram só traços. Desmoronava meus conceitos, mas me defendia de mim. Depois se fez papel. Elegeu-me sua agressora favorita, mas não se furtou de voar comigo. Encadernou-se com os cadarços do meu tênis mais velho e saiu sem me dizer onde ia. Fez-me provar da ausência sua mais doce saudade, seu mais amargo desprezo. Magoada e sombria necessitei de luz e calor ateando fogo  nos rascunhos com aquele último palito riscado. Ardeu até e principalmente em mim, no momento que quis apagar as chamas, mas não existiam mais lágrimas. Ainda sinto o cheiro da tua carne ardendo e escuto os versos gemendo entre meus lençóis guardados no fundo da gaveta.

Hoje bebo a última garrafa de vinho da despensa em nossa homenagem, quem sabe assim, alguém venha me fazer companhia...

13.9.13

...Sem...

Há momentos sem pés nem cabeça...
Sem cor nem cheiro...
Como uma música sem notas...
Sai sem tocar...
Sai me tocando...
Sai...
Sem querer ser notada...

Há momentos sem cabeça...
Feito desenho na palma mão que se desfaz no chuveiro...
Lembra que desenhei meu coração?

Há momentos sem...
Sem eu...
Sem você...
Um cômodo esvaziado e sem cortinas...
Uma janela escancarada para a terra dos gigantes...
Lá fora bocas enormes prontas a nos engolir...

Há momentos sem pés...
Todos os sentidos adormecidos...
Como se o sonho nunca tivesse que terminar...


Não é de propósito que ando nas nuvens!

10.9.13

...Desejo...

Guardo na gaveta o relógio e o tempo. Forçosamente a vida me faz medi-la pelas escusas, pelos cantos escuros que ainda pretendo enfocar, pelo que evoquei sem métodos e pelo que visceralmente me encharcou.
Não me preocupo mais se ainda há tempo de descrever outros pontos, nem se vou retomar aqueles que abandonei ao longo do caminho. Tudo fica enquadrado agora, nos limites da minha caixa mágica de desenhar imagens. Percebo que enquanto eu me mantenho singular, a vida é tão plural e difícil de ser registrada na sua plenitude.
Intervalos do início ao fim estou sempre pendurada no meio, presa por um fio que ameaça arrebentar a qualquer momento e nunca me encontrarei com a hora certa...
Sempre estarei à mercê das incertezas tentando atribuir valores ao que, por ventura, consegui deter com as mãos abertas...
Mas é fato, que também o que fica, é só o que realmente consegue manter-se livre e sobrevivente no vento forte do meu caos...
Já não desejo que tenha tanta calma comigo e nem que me compreenda...

Mas desejo que esteja presente na precisa hora de reabrir minhas gavetas para a eternidade...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

...Sobre Imagens...

Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.

Fiéis escudeiros! Fàilte!