Um cenário mutante emprestado. Um cais, um porto seguro. Tão generoso e ao mesmo tempo tão cruel.
O sol mergulha mais uma vez como eu, manchada por café e insônia. Por dentro do casaco abotoado até o topo, veias congestionadas executam um choro, uma enxurrada que desmonta a vida. Desmatamento das lembranças. Árvores de sonhos destoando na decoração cafona...
Uma maré boa intercala brisas frias e ventos renovadores. Um ritual de raios, trovões e chuva, por certo não poderia faltar - muita chuva batendo na face pedindo licença para lavar a alma; navego feito barquinho de papel dentro da taça de vinho. Lentamente derretendo memórias, inocência em oferenda às páginas arrancadas dos velhos diários...
Paradoxalmente a cada vez ensaio viver, meus pertences me abandonam...
Quiçá nos sobre apenas...
entorpecidas pálpebras salgadas...
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