20.7.14

RADIOGRAFIA EM ATOS


PRIMEIRO ATO
Das cinzas salpicadas
Um sopro
um suspiro
pálpebras descolando-se com um amanhecer
olhos flamejantes queimando tua carne
soberano
donatário dos vales dos meus ombros
amamentado pelo mais lascivos desejos
ereto
suportando as unhas cravando o flanco como raízes
atendendo ao chamado da floresta
 o ventre
princípio de uma vida
já se faz carne abatida em ti
corredeiras vertiginosas
fendas abertas
lavas escaldantes
e tudo derretendo ao redor...

ATO FINAL
apenas uma vida inteira
 morrendo todos os dias
de dor,
de saudades,
de alegrias,
de amor...
encerrando nesta última noite
esta última morte
esta única vida

ATO CONTÍNUO

Estilhados no infinito representando constelações...

15.7.14

INEXISTÊNCIA


Escrevo versos inexistentes
entoados como uma ausência de vida
sugerem celebração solitária
desamarrando nós e laços
num pacote vazio que vaga
sem endereço
sobraram os traços
curvas e dobras de outrora
retas perdidas
apagadas pelo tempo
desperdiçando grafite
que emudece
como estrelas enfileiradas
todo o sorriso cristalizado
em deslumbramento métrico
descansam juntos
o teu presente e o nosso passado
de todas as vezes que sonho [secretamente]
sem exceção,
juro me esquecer de 
jamais me lembrar

que dia é hoje!

13.7.14

LUA DE AREIA

A lua desintegrando
Um céu de imensidão
O riso que gorjeou na garganta           
Desvanece na ampulheta
Desertos de heranças
O que me dói e também me expõe liberta
Incrustando intumescidos montes no peito
Um pulsar teimoso e inconsequente de eternidade
Traduzindo alvoradas igualmente livres
Repletas e espalhadas
Tal qual eu e você

Feito uma declaração de amor

7.7.14

IMACULADA

Imaculada em teu silêncio
Um pouso leve sobre a pele
Carícia d’um olhar que me fatia
Ora doçura
Ora imensidão
Espalhando-me por todos os cantos
[do desejo que me acolhe sob a tutela das tuas mãos]
Permaneço à mercê
[Deste]
Que me palpita as narinas
Teu cheiro corresponde ao meu cio
Na beira da tua sombra
Faz-se arte em espiral
Rima e plástica
Do que não pronuncio
Mas [me] entrego
Dispensando [assim]

Todas as palavras

5.7.14

HORIZONTE ENCADERNADO

Retalhos cingidos em letras sufocadas
Manto de estrelas e enluarados suspiros
Tênue é a linha
Contorno de telescópio
Imagens vincadas
Nunca as mesmas
Dobraduras imitando assas
Conta gota do choro incontido
O [a]mar corre por dentro
Escoa pelas mãos abertas:
[Uma sobre a outra]
Derretendo castelos aos pés
[corpos entrelaçados de nós]
Enseada cavada em lambidas
Os sinos mais uma vez escancaram as bocas
[Dobram e desdobram meus ais]
Alvoreço rente ao sol
E como um bocejo dentro da concha

[retornamos pulsação e pausa do horizonte encadernado ]
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