23.7.11

...Hora da Partida...

Queridos,
Aprendi que na vida tudo transita entre o INÍCIO, o MEIO e o FIM. E nessa minha jornada, sigo propondo-me desafios pessoais, pois, o desconhecido e as surpresas sempre me dão mais prazer.
A criação desse blog fora um desafio e tanto: EXPOR-ME! Não fazia idéia do quando daria certo, se ao menos alguém me leria, estava num momento de profunda fragilidade, foi na hora certa, creio, que iniciei esse intento.
Aqui me compartilhei nua, dolorida, triste, feliz, cansada, exultante...sentimentos, emoções que jamais em tempo algum, fui capaz de expor assim de forma tão explicita em público. Sempre fui muito reservada!
Bem, confesso que me deu prazer e empolgada, bordei essas páginas com desvelo, como diria Caetano: “com sangue, suor e saliva”.
Mas, o tempo corre sempre em direção ao horizonte e depois de caminhar a ermo, pressenti que esse ciclo urgia ser fechado. A ventania veio, e varreu tudo, abrindo clareira n’alma e então, percebi que estar viva, é um pressuposto, de que ainda não havia chegado ao fim da minha história. Arregacei as mangas e revi meus projetos, reformulei as plantas, corrigi detalhes e enfim, concluí o meu local de pouso.
É chegada a minha hora de reconstrução interna. Nesse momento, atravesso a ponte elevadiça ao som do vento que assovia nos meus ouvidos um hino de louvor, talvez...sinto sob meus pés as pedras ainda pontiagudas, recém colocadas e sinto na carne minhas paredes nuas, meus comodos vazios estão frios; faz-se necessário agora que ganhem vida e cá estou Eu, mais uma vez, pronta para recomeçar.
Poderia por fim em tudo, simplesmente “deletar” e esquecer. Mas não o faço tão somente, em respeito a MIM, que tudo que faço, faço com dedicação, mas também, a todos que aqui passaram e estiveram comigo.
O blog fica aqui, como um marco, um obelisco ao desafio e ousadia...um portal que finalmente transpus.
Agradeço a todos o carinho, a presença, os mimos a solidariedade. Aos amigos mais próximos, sabem como me encontrar. Aos passantes, até qualquer dia...talvez, num outro momento, num outro lugar...
Beijos recheados de dengos...



 
Que o vento desfralde-me...
Que a vida permita-me perder-me em seus caminhos...
Mas que também...
Eu nunca esqueça de olhar para o horizonte...
Que eu possa ser avistada de todos os angulos...
E nunca me esqueça de ter-me como meu Principal Referencial...

20.7.11

...Dia do Amigo...

Preciso confessar: eu Sou uma compulsiva!
Gente, isso é sério, não riam de mim, mas eu, tenho alguns melhores amigos que sinceramente, não saberia elencar aqui quem é o mais amado, o mais paciente, o mais engraçado, o mais fiel, o mais solícito, o mais conselheiro, o mais bom ouvinte, o mais simples, o mais generoso...é como se cada uma de mim tivesse o seu amigo particular!
E então, não só porque hoje que se comemora o dia do amigo, quem é meu amigo sabe que digo sempre...nesse meu jeito meio tosco...mas hoje e dia de festa, dia de roupa de gala, perfume diferente, maquiagem mais apurada...então lá vai:
AMO VOCE!

19.7.11

...Toque-me...


E no silencio se espalha um tímido som!
Ecos dissonantes escoam do acolhedor abandono...
Corda ressequida de uma nota só...
Caixa entorpecida de mofo e pó...
Desafinada valsa desliza em falsetes...
 Toca a vida a fora...
Sem pretextos...
Nem precedentes...
O belo se faz beleza...
Ao simples toque...
De quem sabe tocar!

18.7.11

...Do Sopro...À Ilusão...

Talvez seja só essa...
Profusão de cores
Não sei ao certo...
Que sejam os olores!
Só sei que inspiram sabores
De uma fome recente
Que rói por dentro...

Talvez seja só Aquela...
Que se veste de pólen
Vertiginosos mergulhos
Garbosa menina matreira
Rosto esfogueado
Pendurada no beiral!

Talvez...
Não seja nem Essa nem Aquela...
Posto que...
É só um piscar de olhos...
O farfalhar das asas...
Um sopro...
A ilusão!

16.7.11

...Soluços da Alma...

Nuvias, Permanent Marker. Guilherme Kramer

Não há explicações para essa invasão insolente
As mudanças caleidoscópicas ofuscam
Nesse movimento em que do vazio ao transbordante
Os ecos são abafados pelas mudanças
Ignorando a proposta de barganha
Do certo ao incoerente
Recolho as amarras
Navego nos ventos dos soluços da alma

14.7.11

...Ausencia...

Picasso


Agora descanso o corpo alquebrado
As veias ainda se contorcem num pulsar que alucina
É das pausas que extraio o suspiro que de verdade me sustenta
Nunca imaginei que o que faz mal é aquilo que mais me fez bem
Adormeço cansada nessa tentativa insone de me sabotar
E é lá do alto que percebo
O que preciso mesmo...
É de solidão!

6.7.11

...Sobre a Mesa...(Parte Final)


Não se dera conta de quanto tempo passara ali, mas ao sair na rua a tarde já caía. O frio acentuava a melancolia e sua angustia aumentava. Sabia que precisava ser rápido, algo dentro de si, dizia, que a urdidura do tempo entrelaçava as tramas se fechando num tecido espesso, e logo a noite cobriria tudo, numa única desolação.
Chegou nos aposentos, as pessoas em volta do leito, silenciosamente se afastaram. Passou a mão nervosamente no volume que trazia sob o paletó, todo homem necessita de uma boa espada no momento do embate final. Mais confiante,  chegou aos pés da cama, a viu inteira. Suas retinas contraíram-se, quase querendo saltar-lhe de órbita. Sentiu uma dor, como jamais imaginou sentir. Sobre a cama, coberta de alvo linho, estava Ela. Uma camisola fina de cambraia lhe cingia um corpo descarnado, esparramadas madeixas sobre o travesseiro, adornavam, aquela face que nas suas lembranças lhe transportavam a um oásis, sempre úmido, um sorriso de mil sois; queria ter podido aspirar seu perfume de tamaras maduras, como outrora. Mas agora, apenas um deserto sem vento, ressequido de emoções. E os olhos, aquelas janelas de céu estrelado, encontravam-se sepulcralmente cerrados.
Contornou a cama e bem de mansinho, quase como uma pluma, pousou o corpo. Ela se mexeu, como se soubesse que era ele e aninhou-se no seu peito, como sempre fizera. Uma gata que ronrona no colo do dono. Acreditou te-la visto esboçar um sorriso. Fechou os olhos por um momento e também sorriu. Um sorriso de guerreiro na volta ao lar, no aconchego familiar, quase um merecido descanso depois de batalhas. Como pode viver tanto tempo longe, suspirou. Mas o volume no bolso do paletó o acordou do devaneio; embora soubesse que precisava agir com urgência, ainda não havia decidido. Abriu os olhos e avistou sobre a mesa da cabeceira uma folha de papel. A tinta ainda molhada, não impediu que lesse e se decidisse.
E então, ela abriu os olhos e se olharam encortinados em véu de lagrimas. Não havia palavras que coubessem em suas bocas, por isso, apenas roçaram os lábios demoradamente.
Ele então a afastou com todo cuidado e retirou do paletó os dois frascos, destampou-os, um a um, depositando-os sobre a mesa, pela primeira vez lhe falou: pegue o seu.
Ela não vacilou, pegou o verde olhando-o com ar de curiosidade.
Horas depois, estranhando o silencio, as pessoas foram olhar o aposento. Encontraram os dois abraçados, como se estivessem dormindo o sono dos amantes – dois frascos vazios caídos no chão, e entre eles uma folha de papel borrada com digitais ao redor:
Ah por que ainda escrevo?
Escrevo não só por que ainda existo
Mas porque todos os dias me visto
Pela manha com os bordados da esperança
Insisto em fazer dessa casa vazia que sou Eu
O ninho que um dia, lá pelo meio dia
Tu regressarás
E então me ponho a preparar o alimento
Sustento destas paredes que deixastes
Com fome de sentimentos
E a tarde, com a força do meu amar
Lavo cada aposento com minhas lágrimas
Saudade cristalina
Que jorra da fonte do meu pesar
Do poço dos meus lamentos
E neste papel em branco que hoje somos nós
Não desisto,
 Todos as noites aqui desenho o meu desejo
Que um dia
Ao menos
 Tu me leias e diga:
Ela sempre foi a minha Poesia!
 

5.7.11

...Sobre a Mesa...(Parte I)

Atravessou a avenida sem perceber o seu desalinho. Barba por fazer, terno amassado, chapéu enterrado na cabeça e as mãos dentro do bolso, numa inútil tentativa de proteger-se do inverno, que tomava conta da sua alma. Assim ensimesmado, entrou na lojinha escondida de secos e molhados da ruela mal cheirosa. O lixo estava espalhado pela calçada, sinal de um abandono proposital. Sabia que só ali, encontraria o que procurava: a CURA.
Arthur estava no balcão como se já o esperasse. A muito não se viam, desde aquela última tarde em que chegara, quase nas mesmas condições, em busca da poção que o transformara nesse ser desprezível. Amigos de infância, cresceram juntos, na mesma rua e por motivos adversos separaram-se. Arthur, sempre fora uma criança diferente e um rapaz mais ainda, possuía dons de clarevidencia, que exacerbaram-se na puberdade e isso certamente o diferenciava dos rapazes “normais”. A sua loja, garantia o seu sustento, mas, dizia-se a boca pequena que era um bruxo e manipulava poções mágicas.
- Preciso de voce! Quase inaudível, disse no mesmo instante em que levantou os olhos e tirou o chapéu. Arthur, o encaminhou ao quartinho dos fundos da loja, sem dizer uma palavra. Acomodou-se em uma das cadeiras da mesa central e o viu sumiu entre as prateleiras.
Fora num impulso cego que chegara até ali. Desde que recebera a notícia de que ela estava sucumbindo, não dormira mais. Vagava nas noites insones pelas tabernas como um espectro. Enfim, cedendo a sua consciencia que ardia de remorso, decidiu. Mesmo estranhado a presença do remorso, havia abdicado dele, bebendo a poção do esquecimento; pagando o preço de ter os seus sentimentos extraídos para o preparo de um elixir: jamais amaria novamente. Mesmo sabendo de tudo isso, agora seu peito que imaginava inerte...ardia!
O retorno do amigo libera sua respiração, já não se importava com explicações, viera em busca de uma solução e sabia que ele, seria a única pessoa capaz de promove-la.
Sobre a mesa, Arthur depositou dois delicados e pequenos fracos, transparentes e sem rótulos, com liquidos de cores diferentes:
- Esse, mostrou o verde – traz a cura para a enfermidade física;
- Esse, mostrou o azul – traz a cura para a enfermidade da alma;
Mais uma vez, a escolha é sua. Os dois, contém o que extraímos de voce. Siga sua intuição e lhe ofereça o que ela precisa para se curar.
Olharam-se com olhos de última vez e partiu apressado, sem olhar para trás.
(continua)

4.7.11

...Despedindo-nos de Mário Chamie...

Escritor, ensaísta, poeta e criador do movimento Poesia-Práxis, que surge como dissidencia da poesia concreta.
Estava estudando sobre o movimento, que muito me encanta e ousei até alguns ensaios muito incipientes, quando soube da notícia da sua "partida".
Decreto
Neste momento solene
Para
Cada Poeta
Que como um raio
Parta
Uma Poesia
Como estrela
Nasça
A CARNE É CRÁPULA
(Mário Chamie)

A carne é crápula
sob o olho cego
do desejo.

A carne é trôpega
se fala sob o pêlo
de outro desejo alheio.

A carne é trêmula
e fracta.
Crina de nervos,
veneno de víbora,
a carne é égua
sob o cabresto
de seus incestos
sem freios.

Fálica e côncava,
intrépida e férvida,
a carne é estrábica
nos entreveros
do sexo
com seus desacertos
conexos.

Sob o olho
sem mácula e cego,
a carne é crápula
nos arpejos
indefesos
de seus perversos
desejos.

3.7.11

...Congelada...



Recalcitrante poesia
Trazendo as malas vazias
Esbarra de frente com o inverno
Não há cobertor que lhe acoberte
Tintilando de frio


Surpreendida escorrendo
Fica suspensa no ar
Testemunho de um descuidado orvalho
ω
ω
ω
Congelada gota
Impossível escoar



2.7.11

...Degustação...


Movimento de peixes cegos
Nadam em direção à piracema
A guia são os instintos de lábios
Cachoeiras de compartilhadas salivas
Bailar de uma voracidade de línguas
Chocando-se nas muralhas de dentes
Que mordem o desejo
Degustando
O beijo
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...Sobre Imagens...

Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.

Fiéis escudeiros! Fàilte!