29.3.13

...Jejum...


Desdobro-me numa oração amarrotada...
Negando-me relacionar tudo que fiz...
Torno-me uma fatalidade de entranhas...
Perdida...
Entregue...
Desatenta...
Afrouxo a fivela de prender silêncios...
Não aceito engolir o ázimo envelhecido...
Prefiro viver jejuando...
Do que repartir-me sem nunca ter me tornado indivisível...
Pela cava dos olhos pari mais um amanhecer...
Talvez seja assim que imaginei ter pecado...
E ter sido fatalmente absolvida...


“(…) E, aquele 

Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”
[Manoel de Barros]


20.3.13

...Conspiração...


Retalhei os pulsos com uma fé cega...
Verteram-me os dias como insônias dormentes...
Habitei sonhos que nunca acordaram...
Morri na pouca vida...
Entre soluços e sussurros...
Sorri !
E antes que a noite dormisse...
Desmontei o cenário em preto e branco...
Desmemoriei o texto...
Contracenei com a realidade...
Tudo não passou de uma encenação...
Engendramento de atos falhos...
Enredos unicamente meus...
A bilheteria esgotou...
Não posso reclamar do sucesso da temporada...
Conspiração!

11.3.13

...Nesga...


Guardei-me inteira...
Nácar em formação...
Intumescimento precoce...
Néctar das flores noturnas...
Despetalados sentimentos na pele dos avessos...
No salobre das águas tempestivas...
Naufrágio de emoções em nacos díspares e transparentes...
Tão cálido este silêncio que me resguarda!
Sinfonia de oceanos desabitados...
Planeta movediço onde ninguém passeia...
Um segundo...
E desafio a lógica...
Meus olhos se abrem como uma nesga...
Ainda conservo o brilho superficial...
Vê-me como imprevisto?
Então não ouse tocar-me!

4.3.13

...Meca...


Ainda é cedo.
Ou talvez seja tarde demais...
Pesado demais para empilhar tantos embrulhos...
Sei que preciso desfazer-me do que me causa náuseas e vertigens.
Repenso o café da manha...
Se a primeira refeição sempre será a mais cuidadosa...
Talvez seja apenas o cheiro...
Repenso a vida como uma feira livre...
Uma profusão de rostos estranhos...
Mercadores suados e sorridentes em altos brados...
Mercadorias exposta...
Exotismo e identificação...
Perfume o odor...
Mas tudo vai apodrecer no calor do dia.
Sim, talvez seja isso...
Sensibilidade cada vez mais aguçada.
Vida em constante barganha...
Nem todas as esquinas nos levam à terra prometida...
Embora todos os caminhos nos ensinem que o prazo de validade é a tônica da pressa...
E o peso...
Seja o destino e o que escolhemos mercar...
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...Sobre Imagens...

Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.

Fiéis escudeiros! Fàilte!