27.10.13

...Versão Dadaísta...


Dias sombrios não fazem florescer, nem respostas sem endereço me alimentam. Feneço por entre as folhas caídas, escondida do sol num propósito sem propósitos, colecionando luas e desenhando estrelas mortas, eu sei...
Deixei-me ser moldada pelos desalmados dedos do destino, misturada numa arte tão imprópria, tão dadaísta quando me toca a pele e me descasca fogo e sangue, que nem mais me reconheço...
Cheguei ao final, ao fim dos começos, e não achei o principio do fim...
Talvez ele não exista,
Talvez nem eu exista...
Talvez tudo isso seja a importante resposta de que eu possa ser reinventada pelos caminhos da saída e finalmente encontre o meu novo molde, e este calor seja a forja e a chave...

26.10.13

...Semente...

Ainda vejo aqui nestas paredes a tinta do nosso suor. Azulejos delatores de felicidade e solidão sempre brilhantes como teu sorriso. Ainda escuto os teus passos percorrendo o pequeno espaço que nos apartava, como se pudesse reproduzir o roçar da tua barba na minha pele. São tantos dias inundados de noites insones e chuvas de verão com cheiro de eternidade. Passeio os olhos pelos vãos da tua ausência e o gato, atento e ciumento, espera o momento da minha distração para desenterrar do vaso a semente que plantei na esperança de que um dia flores desabrochem e eu possa novamente, me vestir e sair de casa. 

21.10.13

...Herança...

Ainda há poesia em permanecer em silêncio, se o único idioma que hoje reconheço, são as lembranças guardadas no abismo das sensações dos teus dedos úmidos de desejo; grafitando meu corpo como palavras soltas, morfologia entre vírgulas entrelaçando emoções, transpirando nas minhas curvas e cavas, o passado como tinteiro de uma poesia que transcendeu.
Sinto tanto sua falta, que já nem me lembro de como eu era sem você, como se não mais me pertencesse, como um testamento sem herdeiros...
 Embora isso não te confira o direito de posse, há coisas que estão à revelia do nosso querer, do nosso poder...

Ainda existem imagens que me lembram todos os dias o abismo que cunhaste entre nós, e faço disso também poesia...

14.10.13

...Autofagismo...

Ainda estou aqui, com um impulso involuntário de um coração, que desobedecendo a encouraçada razão, sangra sem poder escoar. Um autofagismo  que alimenta este incoerente desejo. Não há saídas, nem luz, nem um sinal de fumaça, nem um pombo correio, nem um derradeiro raio que me parta e faça com esta saudade se afaste de mim.  Aqui neste solitário oasis, adormeço nas lembranças do teu cheiro, banho-me no sabor da saliva com teu gosto, aqueço-me no calor da tua respiração. São estas páginas nuas que me encobrem como um sudário, copiando marcas profundas que perpetuam a falta que me fazes. Passaporte da minha alma errante, petulante e vaidosa que vaga sem esperança, sem nenhuma certeza, como se tudo não tivesse passado de um mero sonho...do qual não consigo e nem quero acordar...

8.10.13

...Dormência...

Parece o gemer do último dormente em despedida quando abro aquela porta. Um pacto entre estrelas que resolveram se chocar no mesmo instante em que cedi ao cansaço e fechei os olhos. 
Cansaço. Foi assim que cheguei e me joguei no sofá. Não queria falar, mas comecei a narrar tudo que estava lá fora, com uma calma que também não era minha. Uma tentativa de expressar o que não encontro em palavra para definir, os meus dias que se amontoam, uns sobre os outros de forma bem regular, parecendo querer me provar alguma coisa.
Mais um dia em que desordeno tudo na esperança de amanha poder organizar melhor.
Estou com os pensamentos encilhados, sitiados na masmorra de Dante, quem dera fosse a minha hora chegada e assim poderia escrever minhas últimas linhas. Talvez eu fizesse um testamento, ou uma carta para aquela pessoa que precisava saber de umas verdades, ou quem sabe escrevesse o que nunca soube escrever...um poema de amor.
Ok, por onde começo?
E começo a chorar...
Essas sessões estão me matando, ou quem sabe, me ressuscitando...


6.10.13

...Desatinos...

Já provei do improvável e sobrevivi à fúria e as delícias das quimeras. Aprendi sobre a mitologia enfurecendo deuses e sendo arrastada pelos cabelos para fora do olimpo. Desobedeci à maioria das regras, para criar outras que também nunca pretendi cumprir. Rastejei até soltar a pele, por terem me dito, que me vestia de um pecado original. Contracenei com a noite sem estrelas por ser a única cadente. Embora ainda não tenha me recuperado do tombo, calibro os olhos para enfrentar os desatinos do dia-a-dia, fazendo de conta que tudo isso é absurdamente normal...


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...Sobre Imagens...

Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.

Fiéis escudeiros! Fàilte!