25.2.15

Babel

Navego sentimentos líquidos. Solta na imensidão dos meus mares insólitos, velas içadas com dias remendados por linhas de noite. Lufa o vento, bússola que me norteia. Os mares profundos, mistérios guardados sem culpa no céu da minha boca, espraiam em arrebentação nas bordas dos olhos, segredos e mistérios. Sal e sumo que alimentam um coração compulsivo, corsário e aventureiro que leva e traz pelas veias, pilhagens de uma vida inteira.

17.2.15

Ao meio enfim

Vasto é tempo que sibila horas derreadas pelas avenidas que calçam meus pés. O tracejado que divide ao meio o vai e vem idílico dos sentimentos, uma silhueta essencial a toda a paisagem que desenho. Não um derrame desperdiçado de cores, mas um nascedouro constante. Meu destino é a noite, um templo sem paredes e cheio de rituais.  Uma trajetória de começos, uma fonte de inspiração em letras cursivas que se casam em segredo.

Se fosse hoje terminar o dia, para nunca mais começar, só levaria a emoção; porque eu sempre exijo mais, muito mais do pôr do sol!

[Sob o pseudônimo Lápis sem ponta]

10.2.15

Traços

Que sou eu senão linhas e traços de recordações?


Versos de sentimentos encadernados, vales de dobraduras e jardins de laços e retalhos. Esta sou eu escrita a mão, um rascunho que virou romance.  Ainda procuro saber quem é o autor deste livro que me protege, como uma flor guardada entre as páginas, mas que, nunca me visita quando estou acordada.  Não temo a vida e nunca fique esperando a sorte, mas todos os dias me abro, na esperança que alguém me leia ou quem sabe, me liberte num feliz voo de papel...


[Sob o pseudônimo Lápis sem ponta]

8.2.15

TEMPESTADE É MEU NOVO NOME

Entra uma mulher arredia, uma flor despetalada; corredeiras de incertezas e desconfianças rio afluente de lágrimas inunda o Congá. Tudo girando ao redor. O som dos atabaques, uma profusão de calor humano e energias que não lhe desconcentram. Segue à deriva surfando nas ondas do marujo que lhe ampara, lhe aconselha.
Os olhos da inocência são fechados e o corpo sacode como se um ciclone a tivesse rasgado pelo umbigo com seu coração! Nada mais importa, o vento que lhe acompanhou uma vida inteira é soprado dos seus lábios e das pontas dos dedos raios apartam-na deste mundo irreal que ela tanto imaginou ser sua única realidade. Uma realidade “una” surge das entranhas, os tambores parecem ter potencializado o som que se mistura com o grito arrancado da sua garganta inteiro, agudo e penetrante. Tudo agora é brilhante diante de seus olhos flamejantes e o ambiente é seu domínio, quem se atreve deter um Orixá?
Sai uma mulher na chuva em passos confiantes, calcando as nuvens que ainda choram lá fora. Um raio corta o céu às suas costas, seu corpo tremula, mas não de medo. Nada mais a deterá, sorri e murmura baixinho:
Eparrêi Iansã!

3.2.15

Carpideira

O tempo ainda se perde no labirinto de reprises. A escuridão confabula com a madrugada. Sussurram pelas frestas do meu pensamento solitário que voa com os pés no chão. Os olhos não refletem, os lábios não divulgam.
Quem se atrever a pensar que na fantasia não tem realidade, nunca viveu a vida de verdade; mas toda fábula sempre encontra o desfecho, desmistificando as maldições. O destino um abraço ateu, se aparta de mim sem emoção, uma fase crua sem nenhuma mitologia.
O espaço é uma herança - tempo real do vazio preenchido de distâncias - noites despertas em olhos baços.
A razão, sem nenhuma razão, me mantém acordada, adormeceu apenas meu coração. Mantendo-me alerta, uma carpideira num sepulcro de veias.
Um dia o sono vence, parto para Meteora e te levo comigo – lá poderemos ser pedra em paz...



[Sob o pseudônimo Lápis em ponta] 
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