Entra uma mulher arredia, uma flor despetalada; corredeiras de incertezas
e desconfianças rio afluente de lágrimas inunda o Congá. Tudo girando ao redor.
O som dos atabaques, uma profusão de calor humano e energias que não lhe
desconcentram. Segue à deriva surfando nas ondas do marujo que lhe ampara, lhe
aconselha.
Os olhos da inocência são fechados e o corpo sacode como se um ciclone
a tivesse rasgado pelo umbigo com seu coração! Nada mais importa, o vento que
lhe acompanhou uma vida inteira é soprado dos seus lábios e das pontas dos
dedos raios apartam-na deste mundo irreal que ela tanto imaginou ser sua única
realidade. Uma realidade “una” surge das entranhas, os tambores parecem ter
potencializado o som que se mistura com o grito arrancado da sua garganta
inteiro, agudo e penetrante. Tudo agora é brilhante diante de seus olhos
flamejantes e o ambiente é seu domínio, quem se atreve deter um Orixá?
Sai uma mulher na chuva em passos confiantes, calcando as nuvens que
ainda choram lá fora. Um raio corta o céu às suas costas, seu corpo tremula,
mas não de medo. Nada mais a deterá, sorri e murmura baixinho:
Eparrêi Iansã!
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