12.12.11

[Trégua]

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Nos solavancos da estrada...

As armaduras vão desistindo de me acompanhar...

Bebi a alma em goles pequenos até a última gota...
Nem mesmo assim saciei a sede...
Mastiguei a pele inteira até ficar nua...
Nem mesmo assim saciei a fome...
Decepei os cabelos e junto o orgulho...
Sobrou apenas o lenço branco que tremula...
Já não tenho mais forças para odiar te amar...
Trégua!



26.11.11

[Reflexo]

Ah essas mulheres que habitam em mim...
Tantos reversos e versos...
Tantas páginas alinhavadas numa tessitura de bordados inacabados...
Escoando em gotejamento intermitente de mares...
Delineadas por marés que cavam em arrebentações as enseadas indolentes do existir...
Cruzam tantas portas escancaradas que batem forte na fúria da ventania...
São tantos sóis que se põem sem vontade de renascer...
Escondem-se sob o manto da noite aguardando as fases da lua...
Fadigadas adormecem sem fechar os olhos...
E acordadas passeiam no universo onírico vertido pelo tempo...
Ah essa mulheres indolentes que tumultuam as vagas da minha existencia...
Habitam inexplicavelmente essa única que veem:

O contorno de um simples reflexo...

17.11.11

[Fênix]

Há uma centelha de poesia que acende cada naco de pele...
Me consome até as cinzas...
E entre soluços adormeço...
Amanheço amarrotada...
Meio viva...
Meio vazia...
Meio perdida...
Ah essa vida que insiste em me acordar com lambidas do alto dos seios túrgidos até entre as pernas...
E me deixa meio atordoada...
Meio preenchida...
Meio úmida...
Desnuda o meu íntimo o que de tão sufocante me reveste...
Dias costurados e bordados de uma realidade...
Meio turva...
Meio triste...
Meio improvável...
São esses mesmos trapos que ao fim do dia incendeio para me aquecer...

15.11.11

[Pseudônimo]


Queria nesse momento ter o domínio sobre mim...
Esgueirar-me por... entre...
O que está e o que foge de mim...
Queria os dias de sol por entre os dedos...
O escoar das cachoeiras...
A alvura da lua...
O vento num frasco de murano...
As dores num sanduíche de queijo quente...
E poder não sentir esse sabor amargo quando mordo a vida real...
Não queria ter esse pseudonimo:
Saudade...

12.11.11

[Inclassificável...Indefinível]



Amar-te-ia até os confins da sede e da fome d’esse amor inclassificável que me consome os dias em noites estreladas...
Amei-te no brilho das fases da lua que no firmamento...ainda derrama em charcos o meu desejo...
Amo-te no vagar das horas que se chocam como cometas...estilhaçando  porções que de mim desconheço...
Indefinível é a dúvida e o vazio que ventam no íntimo recolhimento...
Fremito a alma por ter sido a sua pele...minhas vestes...
Exposta tristeza em carne viva...da nua ausencia...
Sangra...

10.11.11

[Tardio Outono]


Sinto a vida que pulsa nas minhas veias...
Enveredando pelas alamedas vazias de folhas secas jogadas ao chão...
Ele passou e ficou...
Fixou morada...
Montou seu cavalete com tintas pasteis...
Traços borrados sou eu...
Essa estrada vazia ladeada de árvores vivas que farfalham o meu nome...
São esses sussurros cadenciados que me conduzem...
Me fazem elevar os olhos para o além de um horizonte que me chama...
E Eu...
Como ressequida folha solta ao vento...
Queimo sob o sol desse tardio outono...

[Trago]

Ah...navego nos ecos dos gritos no meu silencio...
Velas recolhidas...a deriva de mim...
Não tenho norte e espero que a sorte me seja o sol a estrela que me guie...
Marés...calmas ou revoltas...que me levem e tragam...
Pois voce...eu já traguei e não consigo soltar...

7.11.11

[Poderia dizer]

Por tantas vezes tentei falar...
Escrever, desenhar, dizer...
Hoje reconheço a inutilidade das palavras...
Na pele tatuada...
Mensagem que não sei ler...
Um enigma de sensações que convidam e repelem...
Serão meros apontamentos ou confissões?
Serão desenhos em fresco nanquim ou hachuras escavadas pelo tempo?
Desafios talvez...
A mim e a você...

[Navegante]

Esgarçada noite sem lua afoga-me em versos soltos na garganta
São eles que me tiram o fôlego
São meus únicos e úmidos respiros finais
Já não sei se amanheço
Essa alvorada espraiada de lágrimas quentes
Marés que de ti me levam e me trazem
Nesse barquinho de papel que soçobra nas vagas das minhas lembranças

4.11.11

[Pecado]


Ilustração de Willian BlakeO círculo da luxúria - Espíritos de Paolo e Francesca
in Inferno (V), Divina Comédia de Dante Alighieri

Ah esse vício que me consome
Me ferve em caldeirões particulares
Os poros
Entrelaçados nessa urdidura tramada de pele
Que queima
Ardente desejo que pulsa
A falta do calor do teu vulcão em erupção
Lampejos da nossa paixão
Que derrama em lavas quentes
E sangra agora
Nos ressequidos vales insólitos
Fendas abertas pela lâmina da tua ausência

2.11.11

[Crisálida]


Ah o vento que me embala...
Cancioneiro de todas as minhas crisálidas...
Fiz do meu casulo o ninho que embrulho num aconchego o meu amado amor...
Me enrosco ainda viva...
Para em silêncio morrer e renascer de amor...

[Ausencia]

Transborda em soluços a mente sufocada pela tua ausencia...
Atada em laços de uma solidão aveludada
que enfeita o nó da garganta...
Amputo meus sentimentos esvaziando a alma...
Os olhos sangram de saudade...
E cada gota que se esvai é uma parte de mim que se consome de ti...
Oferto ressequida flor...
Desidratada e espremida por entre as brochuras das minhas poesias...

23.7.11

...Hora da Partida...

Queridos,
Aprendi que na vida tudo transita entre o INÍCIO, o MEIO e o FIM. E nessa minha jornada, sigo propondo-me desafios pessoais, pois, o desconhecido e as surpresas sempre me dão mais prazer.
A criação desse blog fora um desafio e tanto: EXPOR-ME! Não fazia idéia do quando daria certo, se ao menos alguém me leria, estava num momento de profunda fragilidade, foi na hora certa, creio, que iniciei esse intento.
Aqui me compartilhei nua, dolorida, triste, feliz, cansada, exultante...sentimentos, emoções que jamais em tempo algum, fui capaz de expor assim de forma tão explicita em público. Sempre fui muito reservada!
Bem, confesso que me deu prazer e empolgada, bordei essas páginas com desvelo, como diria Caetano: “com sangue, suor e saliva”.
Mas, o tempo corre sempre em direção ao horizonte e depois de caminhar a ermo, pressenti que esse ciclo urgia ser fechado. A ventania veio, e varreu tudo, abrindo clareira n’alma e então, percebi que estar viva, é um pressuposto, de que ainda não havia chegado ao fim da minha história. Arregacei as mangas e revi meus projetos, reformulei as plantas, corrigi detalhes e enfim, concluí o meu local de pouso.
É chegada a minha hora de reconstrução interna. Nesse momento, atravesso a ponte elevadiça ao som do vento que assovia nos meus ouvidos um hino de louvor, talvez...sinto sob meus pés as pedras ainda pontiagudas, recém colocadas e sinto na carne minhas paredes nuas, meus comodos vazios estão frios; faz-se necessário agora que ganhem vida e cá estou Eu, mais uma vez, pronta para recomeçar.
Poderia por fim em tudo, simplesmente “deletar” e esquecer. Mas não o faço tão somente, em respeito a MIM, que tudo que faço, faço com dedicação, mas também, a todos que aqui passaram e estiveram comigo.
O blog fica aqui, como um marco, um obelisco ao desafio e ousadia...um portal que finalmente transpus.
Agradeço a todos o carinho, a presença, os mimos a solidariedade. Aos amigos mais próximos, sabem como me encontrar. Aos passantes, até qualquer dia...talvez, num outro momento, num outro lugar...
Beijos recheados de dengos...



 
Que o vento desfralde-me...
Que a vida permita-me perder-me em seus caminhos...
Mas que também...
Eu nunca esqueça de olhar para o horizonte...
Que eu possa ser avistada de todos os angulos...
E nunca me esqueça de ter-me como meu Principal Referencial...

20.7.11

...Dia do Amigo...

Preciso confessar: eu Sou uma compulsiva!
Gente, isso é sério, não riam de mim, mas eu, tenho alguns melhores amigos que sinceramente, não saberia elencar aqui quem é o mais amado, o mais paciente, o mais engraçado, o mais fiel, o mais solícito, o mais conselheiro, o mais bom ouvinte, o mais simples, o mais generoso...é como se cada uma de mim tivesse o seu amigo particular!
E então, não só porque hoje que se comemora o dia do amigo, quem é meu amigo sabe que digo sempre...nesse meu jeito meio tosco...mas hoje e dia de festa, dia de roupa de gala, perfume diferente, maquiagem mais apurada...então lá vai:
AMO VOCE!

19.7.11

...Toque-me...


E no silencio se espalha um tímido som!
Ecos dissonantes escoam do acolhedor abandono...
Corda ressequida de uma nota só...
Caixa entorpecida de mofo e pó...
Desafinada valsa desliza em falsetes...
 Toca a vida a fora...
Sem pretextos...
Nem precedentes...
O belo se faz beleza...
Ao simples toque...
De quem sabe tocar!

18.7.11

...Do Sopro...À Ilusão...

Talvez seja só essa...
Profusão de cores
Não sei ao certo...
Que sejam os olores!
Só sei que inspiram sabores
De uma fome recente
Que rói por dentro...

Talvez seja só Aquela...
Que se veste de pólen
Vertiginosos mergulhos
Garbosa menina matreira
Rosto esfogueado
Pendurada no beiral!

Talvez...
Não seja nem Essa nem Aquela...
Posto que...
É só um piscar de olhos...
O farfalhar das asas...
Um sopro...
A ilusão!

16.7.11

...Soluços da Alma...

Nuvias, Permanent Marker. Guilherme Kramer

Não há explicações para essa invasão insolente
As mudanças caleidoscópicas ofuscam
Nesse movimento em que do vazio ao transbordante
Os ecos são abafados pelas mudanças
Ignorando a proposta de barganha
Do certo ao incoerente
Recolho as amarras
Navego nos ventos dos soluços da alma

14.7.11

...Ausencia...

Picasso


Agora descanso o corpo alquebrado
As veias ainda se contorcem num pulsar que alucina
É das pausas que extraio o suspiro que de verdade me sustenta
Nunca imaginei que o que faz mal é aquilo que mais me fez bem
Adormeço cansada nessa tentativa insone de me sabotar
E é lá do alto que percebo
O que preciso mesmo...
É de solidão!

6.7.11

...Sobre a Mesa...(Parte Final)


Não se dera conta de quanto tempo passara ali, mas ao sair na rua a tarde já caía. O frio acentuava a melancolia e sua angustia aumentava. Sabia que precisava ser rápido, algo dentro de si, dizia, que a urdidura do tempo entrelaçava as tramas se fechando num tecido espesso, e logo a noite cobriria tudo, numa única desolação.
Chegou nos aposentos, as pessoas em volta do leito, silenciosamente se afastaram. Passou a mão nervosamente no volume que trazia sob o paletó, todo homem necessita de uma boa espada no momento do embate final. Mais confiante,  chegou aos pés da cama, a viu inteira. Suas retinas contraíram-se, quase querendo saltar-lhe de órbita. Sentiu uma dor, como jamais imaginou sentir. Sobre a cama, coberta de alvo linho, estava Ela. Uma camisola fina de cambraia lhe cingia um corpo descarnado, esparramadas madeixas sobre o travesseiro, adornavam, aquela face que nas suas lembranças lhe transportavam a um oásis, sempre úmido, um sorriso de mil sois; queria ter podido aspirar seu perfume de tamaras maduras, como outrora. Mas agora, apenas um deserto sem vento, ressequido de emoções. E os olhos, aquelas janelas de céu estrelado, encontravam-se sepulcralmente cerrados.
Contornou a cama e bem de mansinho, quase como uma pluma, pousou o corpo. Ela se mexeu, como se soubesse que era ele e aninhou-se no seu peito, como sempre fizera. Uma gata que ronrona no colo do dono. Acreditou te-la visto esboçar um sorriso. Fechou os olhos por um momento e também sorriu. Um sorriso de guerreiro na volta ao lar, no aconchego familiar, quase um merecido descanso depois de batalhas. Como pode viver tanto tempo longe, suspirou. Mas o volume no bolso do paletó o acordou do devaneio; embora soubesse que precisava agir com urgência, ainda não havia decidido. Abriu os olhos e avistou sobre a mesa da cabeceira uma folha de papel. A tinta ainda molhada, não impediu que lesse e se decidisse.
E então, ela abriu os olhos e se olharam encortinados em véu de lagrimas. Não havia palavras que coubessem em suas bocas, por isso, apenas roçaram os lábios demoradamente.
Ele então a afastou com todo cuidado e retirou do paletó os dois frascos, destampou-os, um a um, depositando-os sobre a mesa, pela primeira vez lhe falou: pegue o seu.
Ela não vacilou, pegou o verde olhando-o com ar de curiosidade.
Horas depois, estranhando o silencio, as pessoas foram olhar o aposento. Encontraram os dois abraçados, como se estivessem dormindo o sono dos amantes – dois frascos vazios caídos no chão, e entre eles uma folha de papel borrada com digitais ao redor:
Ah por que ainda escrevo?
Escrevo não só por que ainda existo
Mas porque todos os dias me visto
Pela manha com os bordados da esperança
Insisto em fazer dessa casa vazia que sou Eu
O ninho que um dia, lá pelo meio dia
Tu regressarás
E então me ponho a preparar o alimento
Sustento destas paredes que deixastes
Com fome de sentimentos
E a tarde, com a força do meu amar
Lavo cada aposento com minhas lágrimas
Saudade cristalina
Que jorra da fonte do meu pesar
Do poço dos meus lamentos
E neste papel em branco que hoje somos nós
Não desisto,
 Todos as noites aqui desenho o meu desejo
Que um dia
Ao menos
 Tu me leias e diga:
Ela sempre foi a minha Poesia!
 

5.7.11

...Sobre a Mesa...(Parte I)

Atravessou a avenida sem perceber o seu desalinho. Barba por fazer, terno amassado, chapéu enterrado na cabeça e as mãos dentro do bolso, numa inútil tentativa de proteger-se do inverno, que tomava conta da sua alma. Assim ensimesmado, entrou na lojinha escondida de secos e molhados da ruela mal cheirosa. O lixo estava espalhado pela calçada, sinal de um abandono proposital. Sabia que só ali, encontraria o que procurava: a CURA.
Arthur estava no balcão como se já o esperasse. A muito não se viam, desde aquela última tarde em que chegara, quase nas mesmas condições, em busca da poção que o transformara nesse ser desprezível. Amigos de infância, cresceram juntos, na mesma rua e por motivos adversos separaram-se. Arthur, sempre fora uma criança diferente e um rapaz mais ainda, possuía dons de clarevidencia, que exacerbaram-se na puberdade e isso certamente o diferenciava dos rapazes “normais”. A sua loja, garantia o seu sustento, mas, dizia-se a boca pequena que era um bruxo e manipulava poções mágicas.
- Preciso de voce! Quase inaudível, disse no mesmo instante em que levantou os olhos e tirou o chapéu. Arthur, o encaminhou ao quartinho dos fundos da loja, sem dizer uma palavra. Acomodou-se em uma das cadeiras da mesa central e o viu sumiu entre as prateleiras.
Fora num impulso cego que chegara até ali. Desde que recebera a notícia de que ela estava sucumbindo, não dormira mais. Vagava nas noites insones pelas tabernas como um espectro. Enfim, cedendo a sua consciencia que ardia de remorso, decidiu. Mesmo estranhado a presença do remorso, havia abdicado dele, bebendo a poção do esquecimento; pagando o preço de ter os seus sentimentos extraídos para o preparo de um elixir: jamais amaria novamente. Mesmo sabendo de tudo isso, agora seu peito que imaginava inerte...ardia!
O retorno do amigo libera sua respiração, já não se importava com explicações, viera em busca de uma solução e sabia que ele, seria a única pessoa capaz de promove-la.
Sobre a mesa, Arthur depositou dois delicados e pequenos fracos, transparentes e sem rótulos, com liquidos de cores diferentes:
- Esse, mostrou o verde – traz a cura para a enfermidade física;
- Esse, mostrou o azul – traz a cura para a enfermidade da alma;
Mais uma vez, a escolha é sua. Os dois, contém o que extraímos de voce. Siga sua intuição e lhe ofereça o que ela precisa para se curar.
Olharam-se com olhos de última vez e partiu apressado, sem olhar para trás.
(continua)

4.7.11

...Despedindo-nos de Mário Chamie...

Escritor, ensaísta, poeta e criador do movimento Poesia-Práxis, que surge como dissidencia da poesia concreta.
Estava estudando sobre o movimento, que muito me encanta e ousei até alguns ensaios muito incipientes, quando soube da notícia da sua "partida".
Decreto
Neste momento solene
Para
Cada Poeta
Que como um raio
Parta
Uma Poesia
Como estrela
Nasça
A CARNE É CRÁPULA
(Mário Chamie)

A carne é crápula
sob o olho cego
do desejo.

A carne é trôpega
se fala sob o pêlo
de outro desejo alheio.

A carne é trêmula
e fracta.
Crina de nervos,
veneno de víbora,
a carne é égua
sob o cabresto
de seus incestos
sem freios.

Fálica e côncava,
intrépida e férvida,
a carne é estrábica
nos entreveros
do sexo
com seus desacertos
conexos.

Sob o olho
sem mácula e cego,
a carne é crápula
nos arpejos
indefesos
de seus perversos
desejos.

3.7.11

...Congelada...



Recalcitrante poesia
Trazendo as malas vazias
Esbarra de frente com o inverno
Não há cobertor que lhe acoberte
Tintilando de frio


Surpreendida escorrendo
Fica suspensa no ar
Testemunho de um descuidado orvalho
ω
ω
ω
Congelada gota
Impossível escoar



2.7.11

...Degustação...


Movimento de peixes cegos
Nadam em direção à piracema
A guia são os instintos de lábios
Cachoeiras de compartilhadas salivas
Bailar de uma voracidade de línguas
Chocando-se nas muralhas de dentes
Que mordem o desejo
Degustando
O beijo

29.6.11

...Última Homenagem...*

As pontas dos dedos passearam por entre as pérolas, contornado uma a uma, desistiu de conta-las. Afinal, do que serviria saber a quantidade? Bastava-lhe ser adornada por lembranças, cicatrizes de sofrimento das ostras e neste momento isso lhe caía bem. Pela última vez, deitou-as sobre a pele nua, no vale entre o pescoço e o colo; espaço quente, que reagiu como savana ao vento no fim de tarde, fora percorrida por prazeroso arrepio ao momento do primeiro roçar.
As pálpebras cerraram-se junto aos seus sentimentos, resguardando o recato das retinas que se banhavam, nuas, em lágrimas mornas; pareciam-lhe escorrer em sentindo invertido, inundando suas cavernas de lembranças, num demorado e sufocante afogamento, sortidos ecos que se consumavam em soluços.
Também não contou o tempo até seu último suspiro. Privada d’aquele sopro que a mantinha viva, já não importava respirar, viveria doravante de um ar de lembranças.
 E foi no balcão sobre os rochedos - testemunho de toda a fúria do mar, que arrancando de um golpe só, fê-las saltar, cintilantes como estrelas perdidas no céu - devolveu-as ao mar.
Já não havia mais motivos para adornar-se, que a fúria do mar as consumisse, com a mesma destreza que a fúria da ingratidão a consumia.
Mira-se no espelho agora, com um gélido olhar e o único sinal de vida que se percebe, é o vinco avermelhado que ficou...rasto de uma última homenagem...

*[Escrito em fev/2011]

...Fugidia...


Quero chegar onde o nunca se achegou
Mas não me alcanço
Distorcida
Na penumbra das ilusões tardias
Que fugidias quiça minh’alma pudesse espelhar

28.6.11

Se faz necessário dizer Que:

“Queremos a revolução caraíba. Maior que a revolução francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem...”
                                     Manifesto Antropofágico

Convidamos a todos os amigos para nosso próximo SARAU, que se realizará em 02/julho, sábado, a partir das 18 horas.
Desta vez nosso tema será POESIA DE CONTESTAÇÃO. Nosso convidado especial é GASPAR, poeta e componente da banda Z’AFRICA BRASIL:
“O que a gente faz é Cultura Hip Hop, é estilo de vida. A gente faz isso há mais de 15 anos. A gente fala do Rap brasileiro com autenticidade, buscando tanto as influencias que vieram de fora quanto as de dentro, misturando a embolada, o côco, o baião, o forró... O Nosso universo musical se aprimorando através de todas as etnias e todas as culturas. A nossa música sempre tem um contexto social, um protesto forte, mas positivo.”
A essa salada antropofágica incluiremos poemas de BERTOLD BRECHT, que foi destacado dramaturgopoeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo. Brecht é um dos escritores fundamentais deste século: revolucionou a teoria e a prática da dramaturgia e da encenação, mudou completamente a função e o sentido social do teatro, usando-o como arma de conscientização, politização e educação.
E ainda tem dança, teatro e música, como sempre. Não dá pra perder...
Veja mais em nosso blog: saraudeparaisopolis.blogspot.com

27.6.11

...Artigo Indefinido...



Não me peça para explicar agora
Estou fora de mim por dentro
Tento modelar os encaixe sendo humana
Provo do fugaz porque a experiencia se encontra na efemeridade
Mas só consolido o meu prazer no tantrico
Apartada em hemisférios equidistantes
Acredito que haja um nirvana para cada um dos meus desejos
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...Sobre Imagens...

Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.

Fiéis escudeiros! Fàilte!