18.12.14
7.12.14
SILÊNCIO DO TEMPO
Sinto a cidade
adormecendo saciada
a noite despede-se
no horizonte
com o sol
murmurando
na curva da minha
nuca
profanando o
dia
enquanto o
céu silente
escoa escuridão
misturam-se
faíscas de vermelho e laranja
como um esbanjamento
de desejos
O vento fresco
primaveril deflagra a alvorada
traz no colo
o silêncio do tempo
e nas mãos a fome renovada
coisas que
os dias nunca souberam me dizer
e que eu
nunca
saberei descrever
1.12.14
EXÍLIO DE VIDRO
Exangue
contrita
mãos aflitas
entrelaçadas
um resumo de
preces sussurradas em vitral
uma imagem
despretensiosa
um relicário
numa porção de anonimato
exílio de
vidro
anjos e
demônios constritos
lado a lado
como se
nunca tivesse havido oposições
atos do
cantochão sendo executados
como uma
absolvição
sem ao menos
ter tocado uma única vez nas minhas culpas
nem
endereçado um olhar às minhas justificativas
Retinta visão
espelhava e
lá fora uma
manhã ensolarava
incidindo
sobre o confessionário
agora eu
sei:
a fé e a
descrença
ambas
nunca
dependerão de mim para existir...
15.11.14
13.11.14
REFRÃO
Por Selma Jacob |
“as palavras
me dissipam, não morro de verdade.
tomo o lugar delas (...)”
Reciclo o
tempo que me escoa
como quem
acumula lágrima
E na
fatalidade das horas invertidas
Sustento-me
na razão de ser
Do amor
natural
entre
palavras cruas d’um temporal
e os raios
que riscaram o céu escuro
como um
afago -
Nasci!
Trovões
sufocaram o choro e
num rasgo de
fatalidade
sorriu-me a
vida(...)
...permaneço...
Uma
releitura
Um refrão que me toca
Por fim...
8.11.14
12.10.14
ASPAS
Como uma
flâmula ardendo,
condenada,
feito
argumentos
imprecisos
mas enfileirados,
um tudo,
entre eu o nada numa noite de lua movediça,
tremulo.
“Apartar-me desse desassossego,
leva este vazio do lado de dentro,
que se agiganta e
transborda.
Deita fora minha coleção de ossos e
afoga minhas queixas
num gole de gozo.”
Recolha-me
até cessar
essa fase de parir dores,
sem eleger
prioridades e
tudo ficar reto,
até que não
exista mais chão e eu,
um nada
entre “aspas”.
22.9.14
COMBUSTÃO EXPONTÂNEA
Fazemos de conta que tudo vai bem. Pela garganta todos os dias engolindo a seco a distância, frio e amargo cardápio, criado especialmente para nos alimentar e nos proteger de nós mesmos.
Quem dirá do amor que fomos e que ainda permanece? Nunca seremos nós, decerto, evadidos em planetas protegidos em anéis. Guardamos na garganta o ultimo choro, um [a]mar que quiçá, um dia sirva para apagar [apenas e unicamente] minha vida que segue em combustão espontânea.
12.9.14
10.9.14
5.9.14
3.9.14
20.8.14
15.8.14
MEMORIZAÇÃO
A distancia dá voltas incongruentes ao meu redor
como se pudesse criar novos planetas
fatiando memorizações eletrificadas
teço orações em linhas de prata
iluminando um céu nu e
desavergonhadamente poético
Aqueço mil e uma noites
como uma obra tântrica de querer
e neste sumidouro perdido
nesta selva de pedras
prevaleço como um estilete
abrindo abismos e recapitulando
dias em banhos de lua
Estou assim
[In]concluída
eu juro não mais saber descrever minha humanidade.
13.8.14
LUA DE AREIA
A lua
desintegrando
Um céu de
imensidão
O riso que gorjeou na garganta
Desvanece na
ampulheta
Desertos de
heranças
O que me dói
e também me expõe liberta
Incrustando
intumescidos montes no peito
Um pulsar
teimoso e inconsequente de eternidade
Traduzindo alvoradas
igualmente livres
Repletas e
espalhadas
Tal qual eu
e você
Feito uma
declaração de amor
3.8.14
20.7.14
RADIOGRAFIA EM ATOS
PRIMEIRO ATO
Das cinzas salpicadas
Um sopro
um suspiro
pálpebras
descolando-se com um amanhecer
olhos
flamejantes queimando tua carne
soberano
donatário
dos vales dos meus ombros
amamentado
pelo mais lascivos desejos
ereto
suportando
as unhas cravando o flanco como raízes
atendendo ao
chamado da floresta
o ventre
princípio de
uma vida
já se faz
carne abatida em ti
corredeiras
vertiginosas
fendas
abertas
lavas
escaldantes
e tudo
derretendo ao redor...
ATO FINAL
apenas uma
vida inteira
morrendo todos os dias
de dor,
de saudades,
de alegrias,
de amor...
encerrando
nesta última noite
esta última
morte
esta única
vida
ATO CONTÍNUO
Estilhados
no infinito representando constelações...
15.7.14
INEXISTÊNCIA
Escrevo
versos inexistentes
entoados
como uma ausência de vida
sugerem
celebração solitária
desamarrando
nós e laços
num pacote
vazio que vaga
sem endereço
sobraram os traços
curvas e
dobras de outrora
retas
perdidas
apagadas
pelo tempo
desperdiçando
grafite
que emudece
como
estrelas enfileiradas
todo o
sorriso cristalizado
em
deslumbramento métrico
descansam
juntos
o teu
presente e o nosso passado
de todas as
vezes que sonho [secretamente]
sem exceção,
juro me
esquecer de
jamais me lembrar
que dia é
hoje!
13.7.14
LUA DE AREIA
A lua
desintegrando
Um céu de
imensidão
O riso que gorjeou na garganta
Desvanece na
ampulheta
Desertos de
heranças
O que me dói
e também me expõe liberta
Incrustando
intumescidos montes no peito
Um pulsar
teimoso e inconsequente de eternidade
Traduzindo alvoradas
igualmente livres
Repletas e
espalhadas
Tal qual eu
e você
Feito uma
declaração de amor
7.7.14
IMACULADA
Imaculada em
teu silêncio
Um pouso
leve sobre a pele
Carícia d’um
olhar que me fatia
Ora doçura
Ora imensidão
Espalhando-me
por todos os cantos
[do desejo
que me acolhe sob a tutela das tuas mãos]
Permaneço à mercê
[Deste]
Que me palpita
as narinas
Teu cheiro
corresponde ao meu cio
Na beira da
tua sombra
Faz-se arte
em espiral
Rima e plástica
Do que não
pronuncio
Mas [me]
entrego
Dispensando
[assim]
Todas as
palavras
6.7.14
5.7.14
HORIZONTE ENCADERNADO
Retalhos cingidos em letras sufocadas
Manto de estrelas e enluarados suspiros
Tênue é a linha
Contorno de telescópio
Imagens vincadas
Nunca as mesmas
Dobraduras imitando assas
Conta gota do choro incontido
O [a]mar corre por dentro
Escoa pelas mãos abertas:
[Uma sobre a outra]
Derretendo castelos aos pés
[corpos entrelaçados de nós]
Enseada cavada em lambidas
Os sinos mais uma vez escancaram as
bocas
[Dobram e desdobram meus ais]
Alvoreço rente ao sol
E como um bocejo dentro da concha
[retornamos pulsação e pausa do
horizonte encadernado ]
28.6.14
HOMENAGEM SINGELA VANIA LOPEZ
Passei três dias tentando te fazer uma surpresa
Escolhi uma poesia sua das mais amadas
Achei que ia ficar uma lindeza
Mas minha voz de taquara rachada
Oscilava entre o padre e o juiz
O áudio até casava
Mas entonação descasava
A poesia em voga era tanta
Que eu ficava cada vez mais tonta
Resolvi apelar então
Pedi aos céus uma voz para a dita declamação
Mandei até um e-mail oração
E o provedor do céu
Na madrugada
Entrou em manutenção
Parti então para a escrivinhação
E lembrei que o Lápis
Este nunca teve ponta não
Mas o amor que lhe tenho
Este não me falha não
Fiz-lhe esta quadrinha singela
Até sem nenhuma pontuação
Mas deixei aqui Vaninha
Todo meu carinho
E toda minha admiração
17.6.14
DUETO: VCRUZ & VANIA LOPEZ
Ela me convidou
eu tremi,
eu aceitei!!!
Minha querida Vania, luminoso ser de quem sou fã.
Claridade e penumbra podem existir num só verso.
Eis:
Num vestido colado (de emoção) como uma luva
as palavras, traziam cores, sons e madrugada
invadia desejos secretos, lugares poéticos
(quase irmãs)
paria a fantasia pelo avesso...
num bar em preto e branco
o antes adormecido, na sala de estudos
o cinza vulcânico
vazio numa tarde de domingo
como os olhos de um gato
rompia a nudez indescritivelmente poética
dos pés descalços pela noite
entre o silêncio e Monet
sobre tua almofada favorita
a palavra que passou...
repousando-te na memória
em ordem alfabética
num vestido colado (de emoção) como uma luva
um concerto só na corda sol
(...) procurando um rosto em teu espelho
neste começo de junho.
Vania Lopez & Valéria
Cruz
29.5.14
27.5.14
CALENDÁRIO ANTIGO
sua frieza me
liberta.
Meus pés vão
deixando pegadas desintegradas na calçada
ungidas sentimentalidades...
enquanto eu,
me sinto
desprotegida.
Para onde
estou indo,
onde estou
levando meu coração?
Sigo invisível
o cortejo dos guarda-chuvas ensopados,
volúveis,
parece tão
divertido
que até me aqueço,
me esqueço
porque
motivo despertei...
se tudo que
queria era continuar sonhando?!?!
Dou voltas
no quarteirão como quem marca um calendário antigo,
na expectativa
de um dia que nunca mais vai chegar...
20.5.14
Trans...PIRAÇÕES
Como uma folha recém
caída
minh'alma balança ao vento.
Folha não tem olhos,
nem boca, nem mãos...
nenhuma certeza do destino,
ou
seria certo imaginar
que o certo,
é não ter destino
certo...
Folha tem coração?
Isso também não é certo,
nem destino,
enquanto isso,
balanço em "noites inventadas,
como um rascunho..."
(Quando tudo é trans...piração e batom vermelho)
17.5.14
Minha prece, minha oração, meu amor!
Quero orar,
Queria ser humilde para saber pedir clemência aos céus, a Deus, aos
Deuses, às poderosas forças que regem o universo.
Estou me sentindo desamparada...brava, impotente...
É isso que é estar só?
[Diga-me que é apenas mais uma de suas piadas mal contadas. Você nunca
foi bom em contar piadas e esta definitivamente é a mais sem graça de todas, não
consigo sorrir nem mesmo para te agradar. Sabe quando conversamos sobre ser a
maior fraqueza do ser humano o medo de sentir medo?]
Mas que droga! Eu não posso nada, eu não tenho o poder de decidir
nada, eu não sou Deus nem tenho a cura nas minhas mãos, como supunha. Sou tão
fraca que neste momento trocaria de lugar contigo só por mais alguns instantes
da sua lucidez e podermos discutir juntos o que é melhor a ser feito – será que
é isso mesmo que você quer? Não consigo te imaginar sendo separado das suas
partes aos poucos – isso não combina contigo, teu espírito orgulhoso não
aceitaria ser retalhado assim. Queria poder te dar meus dedos, todos. Meus pés
sem pestanejar, minhas pernas, até mesmo meu coração!
Pai será que ainda me compreende? Fala comigo, me diz o que deseja porque
eu confesso: não suporto te ver assim delirando, vulnerável, estou com medo de
sentir medo de te perder...mas orgulho em ser da sua linhagem, com muita coragem
para atender a sua vontade e força suficiente para enfrentar a sua ausência...se necessário for...
Para você que me ensinou o que é amar com o seu amor infinito,
Que o meu amor igualmente desmedido te conforte e esteja contigo sempre!
Amém!16.5.14
CIÊNCIA
Provocantes adagas
sensoriais singrando como ondas,
retalham o sentido
do infinito pela metade
e ficamos vulneráveis
ao alcance
dos olhares,
do tato,
do paladar.
Falávamos ainda
desmedidamente sobre o surgimento das constelações,
maresias no
morno fim de tarde,
orbitávamos
como átomos nervosos
formulando ligações que talvez nunca saibamos explicar -
química pura
no fundo de uma simples xícara café!
Tudo que é
sagrado não pode ser explicado pela ciência
e o imenso rasgo que nos uniu
confirma a
despedida,
persistindo com um desejo não saciado.
De que
planeta viemos
e se chegaremos além do fundo do mar?
Muitas respostas
não querem ser reveladas
há tanto a
declarar,
Que nem ouso
reformular!
9.5.14
SE, SOMENTE
Na vacuidade
das horas
habitas
desfilando
neste caminho
entre
os olhos e o
coração.
Havia em
todos os lugares,
nuances,
cores,
fatos,
e tantas fotografias
como se fosse capaz de caber naquela memória.
nuances,
cores,
fatos,
e tantas fotografias
como se fosse capaz de caber naquela memória.
[Recapitulando
mecanicamente os dias
como ensaísta
e protagonista.]
Somente,
quando era
eu a poesia
os versos
eram mais amplos
decorando as noites
com letras
que ainda guardo
em mim.
9.4.14
DIA A DIA
Era tudo e
eu estava por aí.
Diluía passos
como se fosse a chance da vez.
Desfiava o
sol do meio dia nas meias da noite,
Tremia na
beirada da madrugada
como um
conta gotas
até que fosse bebida por um gole só!
Ah se tudo
fosse ontem,
eu voltava a
ser hoje,
Nem que
fosse
para ser
apenas um único amanha...
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