Perdi
a coragem junto com a vergonha, ambas estão soltas por aí quebrando esquinas,
fazendo versos, embriagadas de tristezas.
No
principio eram só traços. Desmoronava meus conceitos, mas me defendia de mim. Depois
se fez papel. Elegeu-me sua agressora favorita, mas não se furtou de voar
comigo. Encadernou-se com os cadarços do meu tênis mais velho e saiu sem me
dizer onde ia. Fez-me provar da ausência sua mais doce saudade, seu mais amargo
desprezo. Magoada e sombria necessitei de luz e calor ateando fogo nos rascunhos com aquele último
palito riscado. Ardeu até e principalmente em mim, no momento que quis apagar
as chamas, mas não existiam mais lágrimas. Ainda sinto o cheiro da tua carne
ardendo e escuto os versos gemendo entre meus lençóis guardados no fundo da
gaveta.
Hoje
bebo a última garrafa de vinho da despensa em nossa homenagem, quem sabe assim,
alguém venha me fazer companhia...
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