21.9.13

...Remendos...


Sobre a chuva
Coleciono o orvalho nos meus olhos. Lava o pátio e o porão, como se depois, tudo pudesse ser de novo e é bem certo que seja uma temporada passageira; e algumas vezes até mesmo inconveniente, chove torrencialmente e eu espiando através da janela contendo a alma com vontade de se encharcar!

Sobre o frio e os dias de sol
Não me deixa alvorecer, cheiro cortante de inverno invadindo as narinas, uma visita ao meu inferno particular, frio e úmido. Raspo com as pálpebras as gotas que ficam presas nas paredes, no céu, nas nuvens, nas beiras, no bafejo das nuvens cinzas.
Confesso, não é o sol que quero na pele, senão, o calor do teu olhar.
Faço sempre outono no meu quintal, arremesso as folhas com teu nome rabiscadas ao vento, despetalo as flores buscando o teu bem querer.
Faço a primavera na minha pele sentindo a alma trêmula com desejo de ficar encharcada de nós.

Sobre o tempo 
Escavo com as unhas a espádua íngreme do tempo como sobrevivente de uma avalanche. Ergo as anáguas como se fosse o verão rendendo suas últimas flores ao outono.
Inverno, depois de usar a lâmina de descascar esquecimentos em todas as fantasias.
Ah esta mania de remendar odes como se fosse chegar ao final de todos os tempos, travando esta muda comunicação entre o coração e a razão, artifícios em vão.

Sobre todas as coisas
Aqueço nuvens quantas vezes os meus olhos desejarem se banhar. Chovo desafiando a noite, o tempo, as coisas que foram, as que virão...
Só porque aprendi que regar o nosso amor ao luar é nunca estar sozinha.
Santa e inquisitória saudade!
És tu a lama que me reveste, depositário que minh’alma elegeu habitar...

Te amarei até o fim dos meus dias e isso, de verdade, não é uma promessa!

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Fiéis escudeiros! Fàilte!