Guardo na gaveta o
relógio e o tempo. Forçosamente a vida me faz medi-la pelas escusas, pelos
cantos escuros que ainda pretendo enfocar, pelo que evoquei sem métodos e pelo
que visceralmente me encharcou.
Não me preocupo mais se
ainda há tempo de descrever outros pontos, nem se vou retomar aqueles que
abandonei ao longo do caminho. Tudo fica enquadrado agora, nos limites da minha
caixa mágica de desenhar imagens. Percebo que enquanto eu me mantenho singular,
a vida é tão plural e difícil de ser registrada na sua plenitude.
Intervalos do início
ao fim estou sempre pendurada no meio, presa por um fio que ameaça arrebentar a
qualquer momento e nunca me encontrarei com a hora certa...
Sempre estarei à mercê
das incertezas tentando atribuir valores ao que, por ventura, consegui deter com
as mãos abertas...
Mas é fato, que também
o que fica, é só o que realmente consegue manter-se livre e sobrevivente no
vento forte do meu caos...
Já não desejo que tenha
tanta calma comigo e nem que me compreenda...
Mas desejo que esteja presente
na precisa hora de reabrir minhas gavetas para a eternidade...
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