Foi naquele setembro. Lembro-me como se pudesse toca-lo hoje, sentindo a pressão dos meus dedos encalçando bem o risco do final da página; a assinatura da restituição, um testamento à posse de mim. Olhando aqui de cima fica fácil distinguir qual o lado que esfolou. Como canteiros recém arados - lado a lado - revolvidos e semeados, escavados com os dedos que ainda conservam os restolhos sob as unhas – dor e mágoa, amor e felicidade – como se fossem tudo a mesma coisa.
Não sei se deu para ver o instante em que foi regado pelas torrentes dos olhos, talvez tenha sido um bom disfarce, encobertos pelo véu da indiferença. Mas decerto, esse sombreado mais encarnado denuncia a cova mais aprofundada. Conforme havia imaginado no dia em que pedi: “mata-me aos goles” – aqui jaz uma lápide simples:
“Foi-lhe restituído o direito de sorver-se inteira!”
4 comentários:
Autofágico e visceral.
A D. Jacob te considera geométrica,
eu te acho um belo fractal resultante da mais complexa equação matemática.
O geométrico não deixa de ser matemático...eu simplesmente me vejo neste quadro, amo de paixão, tenho ele aqui comigo...
Quanto ao texto, também gosto muito deste...vc tem ido nos meus preferidos...rsrs
Obrigada, bjão
Só uma pequena observação pessoal: Geométrico é matemático mas um fractal é a poesia matemática na forma das artes plásticas. Tira um pouco do cartesianismo da matemática
e coloca lirismo e poética.
Matematicamente bem explicado, é exatamente isso que percebo neste quadro...de um apoética sem par...todas as vezes que estou desanimada, me "olho" e capto a minha essência, que por ser humana, por vezes perco...
Bjão
V.
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