18.12.14
7.12.14
SILÊNCIO DO TEMPO
Sinto a cidade
adormecendo saciada
a noite despede-se
no horizonte
com o sol
murmurando
na curva da minha
nuca
profanando o
dia
enquanto o
céu silente
escoa escuridão
misturam-se
faíscas de vermelho e laranja
como um esbanjamento
de desejos
O vento fresco
primaveril deflagra a alvorada
traz no colo
o silêncio do tempo
e nas mãos a fome renovada
coisas que
os dias nunca souberam me dizer
e que eu
nunca
saberei descrever
1.12.14
EXÍLIO DE VIDRO
Exangue
contrita
mãos aflitas
entrelaçadas
um resumo de
preces sussurradas em vitral
uma imagem
despretensiosa
um relicário
numa porção de anonimato
exílio de
vidro
anjos e
demônios constritos
lado a lado
como se
nunca tivesse havido oposições
atos do
cantochão sendo executados
como uma
absolvição
sem ao menos
ter tocado uma única vez nas minhas culpas
nem
endereçado um olhar às minhas justificativas
Retinta visão
espelhava e
lá fora uma
manhã ensolarava
incidindo
sobre o confessionário
agora eu
sei:
a fé e a
descrença
ambas
nunca
dependerão de mim para existir...
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