30.3.14

[R]evolução

O céu da boca já se conforma com nuvens de fumaça de um vulcão extinto, encerrando toda a devastação e beleza quente produzida, momentos inacabados como frases interrompidas por um pavio engolido.
Enquanto tudo era combustão instantânea, as idéias borbulhavam no seio de cada um, cozinhavam, alimentavam esperanças. Tantos foram levando sua coragem para nunca mais voltar. Tantos ficaram para serem pendurados à secar como lingüiça no paiol. Será que tudo foi inútil? Sinto como se esta fome, tenha alimentado tão poucos.
A vida segue enquanto ultrajantes desejos se amotinam em noites bem dormidas, mantendo os sonhos dormentes, amedrontados pelo nada que paralisa, como um vestido amassado no fundo do armário...
ou passeatas rugindo nas ruas em voz baixa:

Revolução!

17.3.14

IMAGEM

Amarrotadas,
São as cartas em branco que arrasto com os dentes para fora das entranhas.
Dolorosas,
São as fatias desse coração noturno que se arrebenta por dentro por não saber morrer.
Impiedosas,
São as farpas e vincos das lembranças que embaciam meus olhos por ser tudo e não ter nada.
Imprecisas,
São as poesias de um amor engarrafado envelhecendo no fundo da prateleira sem nunca ter tido a chance de ir ao mar.
As paredes do meu quarto estão se fechando ao serem decoradas com solenes rabisco de insônia, meus pensamentos voam como aviõezinhos de papel em direção ao nascer do sol.
Acendo o último cigarro com a chama dos olhos e deixo que a fumaça me leve para onde quiser.
Ai de mim que ainda fico me procurando em lugares onde não quero me encontrar...
E o fogo...ah!

O fogo que consuma todo o resto...

9.3.14

TALVEZ

Se –
Sem fôlego, um corpo faminto submergindo de principiantes ambições, opacas como se fossem veteranas, anulando toda a ingenuidade dos sentidos.
Serve-“Se” à mesa posta com iguarias de papel, sublinhando trejeitos serpentinos de imaginação, brinde aos olhos de fogo que tudo consome ou refuta com fastio.
Enquanto os pés afundam lentamente procurando o fim, asas que construí com papel de seda em meu ser, se abrem na chuva.  
Meus olhos agora me avistam longe como se a soberana que há em mim,
Talvez –

[esteja inatingível]
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...Sobre Imagens...

Informo que algumas imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento.

Fiéis escudeiros! Fàilte!