Desdobro-me numa oração amarrotada...
Negando-me relacionar tudo que fiz...
Torno-me
uma fatalidade de entranhas...
Perdida...
Entregue...
Desatenta...
Afrouxo a fivela de prender
silêncios...
Não aceito engolir o ázimo
envelhecido...
Prefiro viver jejuando...
Do que repartir-me sem nunca ter me
tornado indivisível...
Pela cava dos olhos pari mais um
amanhecer...
Talvez
seja assim que imaginei ter pecado...
E
ter sido fatalmente absolvida...
“(…) E, aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”
[Manoel de Barros]