Era
uma tarde veranesca de sol e o vento assoviava uma canção sem canteiros
floridos de bem-me-quer. Era só uma lacuna espraiada de tempo que se perdia e
se encontrava nas fases das marés.
Pretensioso
vira-latas desmemoriado, escava ao léu, faminto em ser premiado por um osso que
foi deixado para trás, como quem vasculha o container de achados e perdidos de
rodoviária – sem nenhuma esperança.
Sua
atenção é tão traiçoeira, como ele próprio e se desvia para aquela imagem que dança
na parede da gruta a beira mar. Inicia o que acredita ser uma festa de latidos, e os
festins ricocheteiam de volta, em imagética sensualidade como consentimento para o início da dança do
acasalamento.
A
sua fome passa a ser a dos membros inferiores intumescidos, os únicos que verdadeiramente "pensam" ser saciados. Patas resfolegantes esfarofam a areia, enquanto o dia
boceja despedindo-se e engolindo inteiramente o sol.
E
então, como se anunciasse o milagre da noite, esganiçado silvo lhe invade a
audição eriçando os pelos e recolhendo seus últimos vestígios de felicidade:
sobre
sua cabeça num vôo rasante, enorme morcego singra em direção ao infinito – quem
tudo quer, tudo perde?!?!?
Ah
perdão...essa é a fábula da raposa e as uvas...enquanto não decide onde se "encaixar", o cão continua vagabundo e faminto!
6 comentários:
E seguimos com fome...
Gostei muito :)
Beijo e uma linda tarde e vida!
Gostei da parte : enquanto o dia boceja despedindo-se e engolindo inteiramente o sol.
Mas essa é a fábula sob tua escrita né Valéria?
Realmente, o cão continuará vagabundo e faminto ...rs
Bjs
RITA
gostei muito viu? beijocas
Oi Rita!!!
De certa forma voce tem razão...a fabula é sim sobre minha escrita...rs
Bjão menina e obrigada pela participação.
V.
O Su!!!
Esse nem pedi ajuda aos universitários...rs
Bjão
V.
Oi Joaquim!
resgatei seu comentário do spam, não sei como foi parar lá...rs
Pois é moço, seguimos com fome...e isso se chama vida!
Bjão
V.
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