13.7.12

Reverência Insone


Sento-me no beiral do telhado do sono. Poderia de olhos fechados balançar-me nas bordas da lua, mas a sua palidez me intimida na mesma medida que me encanta. Aqui deste cimo solitário e noturno, posso avistar os percursos que as estrelas fazem, para serem tocadas pela boca da noite.
Nesse instante, me vejo como um pequeno grão que foi levado pelo vento e quiçá, tivesse tido a ousadia de penetrar o ventre da terra, quiçá hoje, teria raízes profundas.
O vento me traz o perfume das damas da noite, derrames de gotas de orvalho e deixo-me levar, também pelo olor generoso que a despeito de qualquer opção, nunca nos furta da sua presença.
Escuto ao longe os passos dos seixos que se deixam rolar no murmurar das águas.  Não importa a altura que tenha esta vertigem, mãos que aparam a queda e vão polindo as arestas, acolhendo em seu seio, deixando escorrer nas reentrâncias das suas saias, até que possam brilhar nos seus olhos de Mãe D’água. Ah como é fácil abandonar-se quando se sabe que o destino é o mar!
Descubro a cabeça em reverencia a vida que vai aos poucos acordando, despeço-me da insônia que vela as minhas noites, companheira inseparável e que de alguma forma, agradeço, pois sem ela, não teria a chance de reverenciar mais esse amanhecer.

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