7.5.12

Reflexo


Com cuidado abro a gaveta. Esse será o meu último ato. Com reverencia de ritual, desembrulho a peça envolta em linho e fitas de cetim. Como um sudário, repouso ao meu lado e entre as mãos apoio a relíquia mais preciosa da minha existência. Vive aqui dentro a luz que ainda incide sobre nós. E como todas as vezes que me proponho a destruí-lo, a magia me absorve...
Sim...
Uma veia que por entre tuas mãos correm como labaredas sangrentas levando tudo que está dentro de nós ao sumidouro desse espelho que nos consome em cada facho de luz que incide...
Não...
Consigo abandonar essa imagem do que sou eu cada vez que sinto o meu corpo sendo moldado pelos teus dedos invisíveis cinzel dos desejos de nós...
Sim...
Até o findar do meu último suspiro por ser ele o ar das lembranças que me sopram no espiral de sonhos e assim entendo que verdadeiramente nunca fui e estou fadada a nunca conseguir voltar...
Não...
 Serei eu a fechar as portas da vida com meu medo de solidão nem serei o martelo da justiça  que estilhaçará essas paredes internas que se fecham erigida fortaleza que resguarda a memória do que fomos nós ...

Mesmo que agora de fora sejam reflexos distintos do que somos individualmente...
Não consigo! Guardarei de novo até  a minha próxima existência...

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