Agasalhada na urdidura translúcida da esperança, aguardava na estação o campanário da vida anunciar a viagem. Era uma espera calma, refrescada por um vento que assoviava mansamente sua nuca. Quiçá, se apurasse os ouvidos, pudesse traduzir o que lhe soprava – nem toda espera é justamente recompensada.
Mas ela aguardava porque não esperava louros. Suas colheitas foram fartas de flores e outras abobrinhas mais. Mas, desprendera-se da vaidade e a sua fome de vida, exigia ser saciada por outros fluídos.
A mente esvaziou-se das conturbações externas. Era novamente uma menina e corria fagueiramente à velocidade da luz.
Nas mãos, seu caderno de brochuras com folhas colhidas no varal da incerteza. Entre as pálpebras, todos os mares de desenganos represados, embora, a alma transbordasse inundada de um amor sem fim.
No bolso um volume, um bilhete emitido pelo destino, acomodava-se a um corpo, que mesmo espoliado pelo tempo, ainda se umedecia com o viço do prazer pelo desconhecido.
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