29.5.12

...Pertences...

Essa é mais uma vez em que ela abre aquela gaveta! Poderia jurar por todos os deuses do olimpo que seria sua “ultima vez”! ?! Aperta os olhos numa tentativa de recuperar a memória, que já lhe vai gasta pelo tempo. Quando foi que fez o primeiro juramento...
Mas, deixando de lado as obrigações das lembranças, segue escarafunchando esse recipiente, que mais lhe parece uma caixa de pandora...tudo tem vida própria. Consegue sentir a respiração entrecortada, os ais, os sorrisos, o escoar das lágrimas...tudo ainda está muito vivo naquele universo paralelo que ela criou para aninhar suas memórias.
Agora suas narinas são inundadas por um impregnante cheiro de mofo. O passado que outrora exalava um perfume de sândalo, agora cheira a mofo. Mais uma vez, se sente inclinada a atear fogo em tudo, destituir-se dessa responsabilidade com suas juras. Mas, algo dentro de si se contorce em alerta, para lembrá-la de que nunca teve obrigação de nada. Compactuou com o destino a nunca se sentir na obrigação de viver, posto que, levaria a vida como um orgasmo múltiplo de incertezas.
E assim, mais uma vez...fecha a gaveta sem culpa. Quiçá algum dia conseguisse esvaziá-la...acondicionar outros pertences...

Quiçá algum dia conseguisse caber inteirinha dentro dela...



Muitas vezes tudo não passa de papel picado...
Outras tantas, documentado memorial que exige ser preservado...
Mas, difícil mesmo é quando não se sabe o que fazer quando os sentimentos estão se rasgando entre seus dedos...

3 comentários:

saborevida disse...

Já li umas três vezes, até agora só deu vontade de chorar....vou, um dia, abraçar este texto, é muito, muito significativo.

Autêntica V. disse...

É...sei como é isso, tenho um amiga que colocou voz nele, já escutou? Ficou lindo demais!
Bom te-lo por perto Messias!
Bjão
V.

saborevida disse...

Obrigado. Transformar seus textos em vídeos torna-os mais especiais ainda.
Agora vou fazer um pedido e espero um dia ser merecedor (tu sabes, né? quem pede é por que não merece. Odeio essa frase!)
Queria ouvir tua voz declamando ou teus escritos. Curiosidade em captar a "estridência carinhosa" do teu falar.
Um beijo

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