O dia insistia em amanhecer-lhe cinza. Tal qual uma expectadora enfadada, debruçava-se preguiçosamente além do vidro na janela. Secretamente não perdia a esperança de que quando abrisse as cortinas, os malabaristas saltassem em cena com piruetas que lhe surpreendessem, mas, ainda não fora desta vez...tudo continuava igual.
Esticou o olhar no cinza das nuvens densas, recebendo como resposta uma garoa fininha, tomou como um recado de que o céu hoje não lhe daria sorrisos, pelo sabor das gotas que se formavam sobre a face, gosto de lágrimas.
Cruzou os braços num abraço vazio, decerto lhe aquecia, o vento mais morno prenunciava a mudança de estação. Mais uma primavera lhe sorria a distancia, se lhe fosse possível mensurar, talvez a mesma que a apartara de si mesma.
Assim vista de longe, compunham um belo quadro impressionista: ela no meio de um jardim enfeitado com cachos de saudade flor.
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