[Mulher Rendeira]

A vida é tramada de caminhos...

Escolhas...

A alma saltita nos pespontos das possibilidades...

E eu lhe amarro nos nozinhos das bainhas das saias da calma...

Preciso de calma para alinhavar minhas orações ao dia que morre e nasce comigo...

Preciso...antes de partir...

Render graças e homenagens à sábia tecelagem que é a vida...

Que me ensinou a ser Bicho: tecendo o calor da amizade em dias frios...

A ser Gente: dobrando o orgulho e descosturando a rigidez...

A ser Mulher: bordando com desvelo o amor incondicional a um único homem...

Não pedirei perdão hoje...

Principalmente por amar...

Por te amar...

Não importando se o meu amor é correspondido...

Não há passado que passe...

Nem futuro que chegue...

Nada é mais importante do que o que de Ti...

É presente em mim...

Não precisarei também agradecer...

Não porque seja ingrata...

Mas porque tão somente...

Escolhi...

Desfiei...

Teci...

Adornei...

E só a mim cabe vestir!

[Sinfonia]

O Mar - Selma Jacob

Emudeço-me para que o mar execute essa sinfonia que o destino compos para contar nossa história...

Sublimando a minha ansia de dizer-te tudo aos borbotões...

Observo as ondas arremessarem-se nos rochedos, reproduzindo toda a enfurecida ansiedade  que trago n’alma...

Fecho os olhos para aspirar o perfume que meus pulmões ainda detém...

Esse teu cheiro salgado de suor, essa maresia de desejos cristalizados nos meus poros...

Recalcitraram as esperanças de um dia poder mergulhar novamente nas falésias do teu mais infinito querer...

E aqui, solitária nas bordas desse abismo que nos aparta... 
Te guardo...
Te aguardo...
*
*
*

Inspirado em um comentário que fiz em [apenas quis]

 do Poeta  O Transversal - Ricardo Pocinho,

 transpiro das entranhas...

[Ré confessa]

Por mais que eu mergulhe nas profundezas dos meus mais secretos sentimentos...

Não é suficiente para trazer à tona as emoções perdidas...

Por mais que eu arrombe todas as comportas da minha solidão...

Abranda o frio da alma no calor dos dias...

Por mais que eu me exile nas noites do fim do mundo...

Meus dedos alcançarão a face da felicidade...

Cansada dessa luta diária...

Dobro os joelhos às minhas fraquezas de ser humano...

Arrancando as esfarrapadas armaduras do orgulho...

Ré confessa entrego a alma ao destino...

Execute-se...

Publique-se...
Cumpra-se...

[Crepúsculo]

O silencio retira os amplificadores das bordas dos sinos...
Dobrando as asas agasalharam-se todos os pássaros...
Não há prenúncios de chuva...
As feridas do solo craquelam...secas...
São cicatrizes que não sangram mais...
As flores recolhem-se nas suas pétalas murchas...
Invaginando por entre as dobras amassadas do ninho...
Encolho-me...
Meu ambiente uterino quente, úmido, silencioso e sem gravidade...
De um céu que encobre suas intimidades com a mais profunda escuridão...
Ergo o olhar à face de uma lua que mostra sua fase escura...
Quiçá algumas estrelas ainda não tenham sucumbido...
Quiçá um distante lume...
Um pretenso caminho em direção a morada dos deuses...
É promulgada a chegada de uma nova era...
O crepúsculo de uma existencia...

Há fases que nos chegam e que se faz necessário o intimo recolhimento...
São faces que não se mostra...
Faces que não tocam...nem dançam...
Entre fases e faces há um abismo...
E nesse momento é onde me encontro...

[Mesmo que eu naufrague, ainda assim, a poesia sobreviverá!]

O que é ser poeta? Pelas minhas andanças, vago em busca de respostas e só consigo mergulhar mais  e mais nesse mar de sentimentos e emoções...neste momento, em que boio a beira do meu crepúsculo de vida, sou agraciada por uma delicadeza do além mar...uma postagem no blog da Vony, que homenageia seus poetas preferidos.

É com muita satisfação que compartilho esse mimo, carinho que jamais esquecerei:

Os Meus Poetas, são...: Homenagem à Poetisa Brasileira VALÉRIA CRUZ: Valéria Cruz BIOGRAFIA Completas 46 primaveras no meio do verão, início de Janeiro, o tempo do um ano novo, é marcado no dia 7. Eis uma ...

Agradeço a todos os comentários que não conseguiram postar lá, mas que me foram endereçados.

Beijos

V.