(Continuação)
Após o passeio pela praia, retornou ao hotel mais relaxado, tirou o relógio do pulso e o depositou na gaveta, como num ritual sagrado; a partir de agora só se orientaria pelo sol – estava em férias e precisava levar isso a sério. Mais uma vez adormeceu.
Foi despertado com os raios de comandante das suas horas passeando pelo seu corpo, não havia fechado as cortinas. Espreguiçou gostosamente o prazer de poder acordar sem horários nem compromissos. Rolou na cama abraçando o travesseiro e ficou a pensar no quanto nos permitimos ser engolidos pela rotina, pelas tarefas e esquecemos de nós. Fazia as coisas quase que cronometradamente, agora percebia.
Bem, hora de levantar, só percebeu que quase não se alimentara direito desde a chegada, pela reclamação advinda do estomago, estava faminto. Enquanto banhava-se tentou decidir o que faria durante o dia, mas pensando bem, achou melhor deixar ao acaso, afinal não era essa a idéia? Enquanto se enxugava, notou que a barba já estava despontando, decidiu também não barbear-se.
Durante três dias seguiu como folha ao vento. De dia corria na praia, nadava no mar, passeava pela orla, almoçava em diferentes lugares a beira mar. A noite sempre ia em um barzinho diferente, tomava umas cervejas, até ensaiou uma paquera, mas sempre voltava ao hotel sozinho. Nada de baladas mais fortes. Essa “rotina” já estava o entediando e nesta noite, homem ativo, o sono resolveu abandona-lo. O que fazer além de resignar - se? Decidiu dar uma andada, claro, seria na convidativa praia em frente ao hotel. Caminhou pela areia a ermo, sem se dar conta que se afastava das luzes. Os olhos iam se acostumando aos poucos com a pouca claridade e já podia ver melhor a beleza que a lua produzia sobre o mar, que agora em maré vazante, estava calmo e estendido como um lençol na relva. Como isso era bonito e relaxante, não cansava de admirar.
Jogou-se na areia quase deitado, sustentando-se sobre um cotovelo e de repente, o sangue lhe fugiu das veias. Não se dera conta do quanto havia se afastado do hotel, embora soubesse que o lugar não era perigoso, como já havia se informado, mas, tinha certeza que estava vendo um vulto saindo da água em passos lentos abrindo passagem por entre as leves ondas. Paralisado pelo medo de homem da cidade que convive com a insegurança, nem conseguira enxergar direito que da água surgia uma mulher. Só se deu conta quando os reflexos da lua desenharam suas curvas. Enfim soltou pelo nariz um suspiro. Se fosse morrer agora em um assalto, seria pelas mãos de uma mulher, sorriu.
Ela caminhava como se viesse na sua direção, calmamente. Endireitou-se, sem saber se levantava e a abordava, também como ele, ela poderia assustar-se, já voltava a pensar agora. Mas, como ela caminhava na sua direção, e a visão era espetacular, resolveu levantar-se limpando o short com as mãos meio atabalhoado.
Agora que já estava bem próxima, podia vê-la melhor, ainda desconsertado, ensaiou um sorriso, quiça de boas vindas.
CONTINUA: https://confidenciasdeguardanapo.blogspot.com.br/2011/05/matreiramenteparte-final.html
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2 comentários:
Li, gostei e achei bem interessante. Quem sabe a mulher passe por dentro dele e siga seu caminho? Será sua alma feminia?
Beijos
Zildinha (mãe da Su)
D. Zildinha, só esperando as cenas do proximo capitulo...rs
Mas quem sabe??? Quer tentar? Lhe passaria minha pena com inenarravel prazer!
Bjs lindinha e obrigada por ler meus rabiscos e opinar...quem escreve se alimenta disso, da fruição com o leitor e eu particularmente, adoro!
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