16.8.12

...Platão não contaria assim...


Era uma tarde veranesca de sol e o vento assoviava uma canção sem canteiros floridos de bem-me-quer. Era só uma lacuna espraiada de tempo que se perdia e se encontrava nas fases das marés.  
Pretensioso vira-latas desmemoriado, escava ao léu, faminto em ser premiado por um osso que foi deixado para trás, como quem vasculha o container de achados e perdidos de rodoviária – sem nenhuma esperança.
Sua atenção é tão traiçoeira, como ele próprio e se desvia para aquela imagem que dança na parede da gruta a beira mar. Inicia o que acredita ser uma festa de latidos, e os festins ricocheteiam de volta, em imagética sensualidade como consentimento para o início da dança do acasalamento.
A sua fome passa a ser a dos membros inferiores intumescidos, os únicos que verdadeiramente "pensam" ser saciados. Patas resfolegantes esfarofam a areia, enquanto o dia boceja despedindo-se e engolindo inteiramente o sol.
E então, como se anunciasse o milagre da noite, esganiçado silvo lhe invade a audição eriçando os pelos e recolhendo seus últimos vestígios de felicidade:
sobre sua cabeça num vôo rasante, enorme morcego singra em direção ao infinito – quem tudo quer, tudo perde?!?!?

Ah perdão...essa é a fábula da raposa e as uvas...enquanto não decide onde se "encaixar", o cão continua vagabundo e faminto!

6 comentários:

Joakim Antonio disse...

E seguimos com fome...


Gostei muito :)


Beijo e uma linda tarde e vida!

Rita disse...

Gostei da parte : enquanto o dia boceja despedindo-se e engolindo inteiramente o sol.
Mas essa é a fábula sob tua escrita né Valéria?
Realmente, o cão continuará vagabundo e faminto ...rs
Bjs
RITA

S.J disse...

gostei muito viu? beijocas

V.Cruz disse...

Oi Rita!!!
De certa forma voce tem razão...a fabula é sim sobre minha escrita...rs
Bjão menina e obrigada pela participação.
V.

V.Cruz disse...

O Su!!!
Esse nem pedi ajuda aos universitários...rs
Bjão
V.

V.Cruz disse...

Oi Joaquim!
resgatei seu comentário do spam, não sei como foi parar lá...rs
Pois é moço, seguimos com fome...e isso se chama vida!
Bjão
V.

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